terça-feira, 28 de abril de 2015

Se não fosse aquele dia...

Há quase um ano escrevi o texto que você lerá abaixo. Dizem que precisamos ter assuntos definitivos, aqueles dos quais falamos uma vez só e nunca mais depois. Eles precisam "morrer", para que não nos tornemos "viúvos de parceiro vivo", ou seja: para que não choremos sempre e enlutados sejamos por algo que precisa ser 'enterrado'.

De uma certa forma, concordo. Cada um sabe tratar de sua dor e caso de um jeito. Há os que gostam de falar, porque assim, imagino eu, fazem uma verdadeira verborragia, e o assunto se esgota, se esvai. Outros, nada falam. Preferem remoer as próprias palavras, num eterno ruminar de sílabas, frases, sons, perguntas e respostas.

Eu fico no meio termo: ora falo o que não precisa ser dito; ora engulo aquilo que precisaria falar. Um dia eu aprendo. Um dia aprendemos todos. É assim, não é? Pois é... Então.

Eu publiquei esse texto no ~feice~, mas quero deixá-lo registrado aqui também. Me emocionei ao lê-lo novamente. Uma droga. Talvez porque o texto, mesmo em terceira pessoa, seja eu como pessoa inteira.

Boa leitura.

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Eram 9h quando ela acordou. Naquela manhã, o dia estava inacreditavelmente lindo. O céu azul e um sol sorridente davam de ombros para a véspera chuvosa e fria.

Ao se espreguiçar lentamente, um filme foi passando pela sua cabeça. Tantos anos à espera daquele dia e ele estava ali, pronto para ser vivido.

Ao seu lado, pendurado na porta do guarda-roupa, um longo vestido branco a lembrava de que aquele dia seria único e especial. Era 15 de julho.

As horas passaram vagarosamente rápidas e rapidamente devagar. Ela estava ansiosa. E feliz, Incrivelmente feliz.

Quando deu a sua hora, lá foi ela. A cada passo, o coração acelerava cada vez mais. Um leve torpor a lembrou de algumas quedas de pressão. Mas ela aguentou firme. "Hoje, não!", pensou. As mãos mal conseguiam segurar o buquê: tremiam. Dizem que ninguém percebeu.

E, quando os seus olhos se encontraram com os olhos do seu par, ah, ela sorriu o sorriso mais lindo daquela noite. Talvez tenha sido o sorriso mais bonito que ela já tenha dado... E ouviu alguém dizer pra ele: "Aproveita esse amor".


Mãos dadas. A voz embargada. Os olhos que insistiam em virar oceano. O sim, O beijo. A festa. As fotos. A despedida. O encontro. O amor.

E foi esse amor, cultivado através do tempo, que a fez forte para aguentar os dias mais difíceis. Foi o amor que a fez serena nos dias de mar revolto. E foi o amor que a fez ter fé quando  todos duvidavam. Foi o seu amor.

E esse amor seria eterno. Seria eterno o seu amor, se não fosse aquele dia. E, quando aquele dia chegou, sumiram os sonhos, as mãos sempre juntas, os beijos de bem-querer, o olho no olho. Sumiram os planos, as certezas, o trilhar do caminho. Naquele dia, sumiram o chão e o ar. Sumiram o sorriso, a esperança e a alegria. Tudo sumiu naquele dia.

Mas o tempo passou.

E voltaram alguns sonhos. O chão também voltou. O ar está de volta. Os planos, sim. O sorriso ainda não.

Quando o mundo dá a sua volta e traz com ele o dia 15 novamente, ela faz que não vai lembrar. Mas esquece de esquecer. E, ao lembrar, a memória lhe traz o barulho da festa, o som dos sorrisos felizes, o cheiro das flores, a visão do amor que seria pra sempre, se não fosse aquele dia...

Furtivamente, uma lágrima cai, e as imagens somem, uma a uma. Ela pensa em tocá-las, na tentativa de viver aquele dia mais uma vez. Mas aquele dia já não existe mais. Nem o amor. O amor que ainda estaria aqui, se não fosse aquele dia...

Arquivo pessoal

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segunda-feira, 27 de abril de 2015

As folhas da amendoeira...

Sempre fui uma menina muito agitada e serelepe (nossa, serelepe! Que coisa antiga. Ok.). Prova disso é que venci a corrida pela vida, né, meu bem. Eram milhões de competidores rumo à bola de ouro, e lá fui eu super determinada a ser a número 1. E fui. E cheguei mesmo. Tive que dar umas "rabadas" em alguns irmãos pelo caminho (sorry, galera), já estava "sentindo minhas forças irem embora,", meio Bruna Karla/Anderson Freire, mas, ufa, deu tudo certo. Quer dizer, quase. Rolou um estresse familiar lá pelo quarto mês de gestação da minha mãe. E eu quase vi uma luz no fim do túnel, e não era coisa boa: minha mãe, 25 anos, mãe solteira, foi levada a uma clínica de abortos, no bairro de Botafogo, zona sul carioca. Lá, naquele lugar de morte, tive a chance de viver. Vendo que o bicho ia pegar pro meu lado, dei o maior impulso que poderia e chutei a minha mãe. Era a primeira vez que ela me sentia. E teve que ser logo ali. Ela entendeu como um sinal. De Deus (ufa!) e saiu correndo daquele lugar decidida a me criar sozinha. 


Segui crescendo ali na barriguinha da mamãe, linda e serelepe (de novo!). Tanto que não deu outra: nasci numa terça-feira de carnaval. Ô abre-alas, que eu quero passar... Hahaha tudo bem, nada a ver, mas foi só pra dar uma alegrada aqui...

Nasci, cresci, fui um bebê careca como tantos. Os primeiros dentinhos, as febres de madrugada, os inúmeros remédios, as manhas, os dengos, as pirraças. Tudo igual.


Mas, num dado momento, sem ter onde me deixar, impossibilitada de ficar comigo nas vagas em que vivia morando, sozinha, minha mãe se viu obrigada a me deixar num orfanato. Não deve ter sido uma decisão fácil. Sou mãe hoje, de 3 lindos filhos. Quando #NandaEDuda foram pra creche pela primeira vez, fiquei em pedaços. Me separar daqueles dois serezinhos foi bem dolorido. Mas elas voltam todos os dias pra casa. No meu caso, minha mãe só me via de 15 em 15 dias. Eu tinha uns 3 anos. Não me lembro de tudo, obviamente, mas tenho flashes de várias situações que, relatadas à minha mãe, ela sempre se surpreende por me lembrar de algo em tão tenra idade.

E de tudo que me lembro, a cena que quase sempre me vem à mente é uma da minha mãe indo embora. Não sei quando foi, mas um barulho sempre me remota àquele lugar: o pisar em folhas secas de amendoeira. Explico. Era um dia daqueles de visita, em que as crianças, loucas e histéricas, ficavam correndo de um lado pro outro com os pais e sempre exibindo os presentes que eles traziam. Nem sempre minha mãe tinha algo pra levar, mas só dela estar ali, nossa, que alegria. Me lembro do meu quarto, que era grande e cheio de camas. Tinha um banheiro no final, que sempre ficava com a luz acesa, para casos de pesadelo. De vez em quase sempre, eu tinha. Sonhava com a minha mãe indo me buscar naquele lugar, mas ela não me achava, e eu ficava lá, presa. Esse era recorrente.

Voltando ao dia da visita. Naquele dia, minha mãe não havia levado nada de especial, mas eu não desgrudava de suas pernas. Na minha cabeça de criança, eu tinha que aproveitar ao máximo aqueles momentos: ele podia não acontecer novamente. Ela poderia não voltar mais. Com tantos havia sido assim. E, de repente, soou aquele alarme, aquele barulho quase ensurdecedor, que indicava o fim das visitas. Minha mãe se abaixou devagar, passou a mão nos meus cabelos e me disse: "a mamãe tem que ir, mas volta. Fique diretinho, se compo..." Eu já não ouvia mais nada, estava em prantos. Queria ir embora daquele lugar. Lá, a gente apanhava e não podia contar pros pais. Se contasse, apanhava ainda mais. E, claro, ninguém acreditava em nós. "Essas crianças... Sempre inventando histórias..." Me agarrei às suas pernas com todas as minhas (pequenas) forças. Mas elas eram pequenas mesmo: quando dei por mim, alguém me segurava pelo braço, enquanto via minha mãe se dirigir a um portão preto e grande que havia perto de onde ficávamos nas horas da visita. Consegui me desvencilhar da pessoa que me segurava e corri em direção a uma das grades. Consegui subir e comecei a gritar desesperadamente: "Mamãe, não vai! Mamãe! Mamãe! Mamãe..." E, de repente, tudo ao meu redor ficou em silêncio. Eu via, em câmera lenta, minha mãe se distanciar cada vez mais, e um barulho ocupou todos os meus sentidos: o pisar dela nas folhas secas das amendoeiras que se amontoavam pela rua. Eram muitas. 'Crec, crec, crec..." primeiro, devagar. Depois, o barulho aumentou drasticamente: minha mãe corria. E eu soluçava, vendo-a desaparecer... Até que alguém me puxou violentamente, me chamando pelo nome, e todos os sons voltaram ao normal. "Engole esse choro! Palhaçada! Tua mãe vai voltar, eu hein!".  

Voltou mesmo. E me tirou daquele lugar. E fomos viver juntas. As coisas haviam melhorado e ela podia, agora, cuidar de mim, me levar para escola, ser minha mãe em tempo integral. Você não faz idéia de como era maravilhoso acordar de um sonho ruim e ver minha mãe ali perto. "Nem vem, pesadelo, agora, quem está aqui perto não é a luz do banheiro: é a minha mãe!".

Dei trabalho à minha mãe depois. Aquela rebeldia idiota da adolescência. Desprezei as suas dores, esqueci as suas lágrimas, ignorei seus cuidados, dava de ombros para as suas preocupações. Até que, um belo dia, fui mãe. Na exata hora em que meu filho veio para os meus braços, nem um minuto antes e nem um depois, naquele momento, entendi minha mãe como nunca havia entendido.

Na minha "festa maravilha", fiz questão de prestar uma homenagem a ela. De agradecer por ela ter insistido em me ter, mesmo tendo ido àquele lugar. De não ter me deixado pra trás, quando pode, naquele orfanato. De, mesmo sozinha, ter-nos criado (tenho uma irmã!) com sacrifício e honestidade. De ter sido exemplo de força e fé. De ter sido a minha mãe. A melhor que eu poderia ter.

Não espere para ser mãe (ou pai) para entender o amor daqueles que lhe deram a vida. Não espere que eles morram, para prestar a homenagem que eles devem receber em vida. Não deixe que aquele "não" para um presente, uma saída, um namoro sirva para endurecer seu coração.

Você pode se arrepender depois, e pode ser que seja muito tarde para pedir perdão. O barulho do pisar das folhas de amendoeira será eterno em sua mente...






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sábado, 18 de abril de 2015

Quando o passado bate à porta...


Vez ou outra, dou uma olhada em coisas antigas que escrevo. Diante de alguns textos, penso: "sassenhora, nada a ver. Cadiquê escrevi isso mesmo?". Outras vezes, dou até um sorrisinho maroto: "puxa, hein, ficou bacana isso". E um desses meus orgulhinhos (besta, sei) segue abaixo.

Esse texto foi escrito nas últimas horas de 2014. Estava eu sentada no chão do meu quarto (precisava carregar o netbook desesperadamente hehehe), pensando no que escrever como post de final do ano para colocar no ~feice~. De repente, um filme em preto e branco começou a passar na minha frente. Todas as cenas, os personagens, as emoções, as lágrimas. E ele foi sendo escrito nesse ritmo, cheio de drama, de momentos de suspense e com um grand finale.

Relendo, pensei em editar algumas coisas, mas achei melhor deixá-lo como originalmente publicado. Espero que você goste dele tanto quanto eu. E se emocione. E que, lá no final, após uma leve suspirada, você também tenha a mesma sensação que eu: a de que é pra frente, sempre, que se anda!

RETROSPECTIVA DA  #NAPAULA

Quando 2014 tocou a ponta dos meus dedos, dizendo: “Vem...”, eu fui... com medo, mas fui. O ano de 2013 havia sido emocionalmente terrível pra mim, e não tenho vergonha de dizer isso: sou humana. Coisas boas e ruins acontecem a todos, eu não estaria imune. Apenas nos meus sonhos e nas minhas brincadeiras sou a Mulher Maravilha. Na vida real, essa maravilha de mulher aqui só tem um ‘poder’: o de crer que, apesar de t-u-d-o, Deus está no controle de todas as coisas, inclusive das que me causam e causaram dor. Ele daria um jeito, mesmo que eu não entendesse – e nem entenda–, muitas coisas...

E mesmo ainda olhando pra trás, 2014 me dizia: “vem, eu posso ser aquele ano que vai devolver o seu sorriso; posso ser aquele ano que te segurará pela mão quando você achar que não consegue mais seguir; posso ser aquele cafuné quando os seus travesseiros não forem o alento de que você precisa; posso ser o beijo de boa noite que você procura; eu posso ser...”

Eu não acreditava mais. Uma parte de mim havia desistido. Meus pés apenas caminhavam, seguindo o fluxo dos dias... E, quando eu me via sozinha (ou achava que estava), eu via anjos. Não aqueles com asas, dos desenhos animados: eram reais. Os amigos. Tantos e vindos de lugares que não imaginava. Mãos estendidas quando precisei. Ombros largos quando necessitava de apoio. Palavras, quando da minha boca já não saía som algum. Amor, quando nem eu mesma mais sabia o que era isso.

2014 me chamava pra dançar. Meus passos, tímidos, não seguiam o seu compasso. Ainda tropeçava nas minhas próprias pernas. 2014 foi paciente comigo. A cada parada, ele me esperava pacientemente. E quando eu teimava em não acreditar, ele me dizia: ‘eu posso ser, vem...” E eu fui... Devagar... Um dia de cada vez, e, a cada vez, um dia. Até que, quando eu dei por mim, já não doía tanto a caminhada. Já não era mais tão penoso o abrir dos olhos. A cada novo dia, a certeza de que era possível. Sim, 2014 podia mesmo ser aquele ano...

Se foi fácil? Não. Talvez nunca mais seja. Se está difícil? Já não mais tanto... Quando o dia do basta chega, e, graças a Deus, ele chegou, as pernas se tornaram firmes novamente. Já não dói mais caminhar sozinha. Caminho, e no salto! O rosto leve, de cabelos ao vento, carrega no batom e capricha no rímel. Na boca, sempre um sorriso. O coração, blindado, segue, agora, batendo forte e até feliz... O pensamento de que o amor machuca não existe mais. Quem nos machucam são as pessoas que não sabem amar...

2014 termina sua missão hoje comigo. Ele podia ser e foi. E se não foi mais, talvez a culpa tenha sido minha. Ele me dá um beijo na testa, um abraço apertado e me diz: “estarei, daqui a alguns minutos, apenas nas suas lembranças. Daqui, não poderei fazer mais nada. O que podíamos fazer, tentamos. Olhe pra frente agora: existem mais 365 dias pra você fazer tudo novo e melhor. Segure firme nas mãos que tocam os seus dedos agora. Não perca a fé (pois haverá dias difíceis). Não perca o foco (pois haverá momentos nem sempre tão bons). Não se deixe vencer pelo mal (por mais mal que haja). Não desista do amor (pois ele está à porta) e não tenha medo...”

Suavemente, sinto 2015 me convidando pra festa: “vem...”. Pisco os olhos para 2014 e digo: “obrigada!”, e sigo, sentindo 2015 me conduzindo rumo aos seus dias...

Daqui a 365 dias, digo como foi essa viagem. Que Deus nos leve em segurança.

Até lá!

O bagaço da laranja

A gente tem sempre pessoas em quem se inspirar. Se você não tem, procure. Vai te fazer um bem danado...

Alguns anos atrás, lá nos idos de 2000, quando trabalhava em um jornal, conheci uma jornalista/repórter/escritora de nível acima da excelência: Iolanda Ribeiro.

Um pouco doidinha, como todo jornalista deve ser; sempre falante, como todo jornalista deve ser. Não, pera: ela era muito falante. Não. MUITO. Io, você falava demaaaaaais hahahahaha Mas não tinha como não admirá-la. O texto dela era sempre maravilhoso, uma delícia de ler. E eu, à época, como revisora, quase não achava nada pra fazer em suas matérias. No máximo, uma vírgula mal colocada e só (por pura distração, eu sempre pensava).

Tempos depois, por indicação dela, fui trabalhar em uma outra empresa, na qual ela já estava. Era uma revista. Iolanda era articulista e eu, mais uma vez, revisora. Certa vez, ela escreveu um texto tão bonito, uma crônica tão linda, que eu me senti ~obrigada~ a guardar. É o texto que se segue abaixo. É pra ler sempre que você se sentir "um bagaço". Porque até um bagaço tem mil e uma utilidades, e olha que não é Bombril.

Obs.: Iolanda, quero que você saiba que sou sua admiradora. Eu quero escrever como você um dia. Parabéns pela sensibilidade e trato com as palavras. Você é rara!

Crédito: Divulgação na Internet


O bagaço de laranja não é tão inútil quanto parece. Ele ainda serve para muitas coisas: 

Ele pode ser usado como adubo orgânico e também para semear o campo, porque todo bagaço ainda tem alguns caroços, podendo deixar de ser a lembrança de uma laranja esmagada e se converter em um novo laranjal.

Na culinária, pode ser usado para fazer doce de laranja e, além disso, sua casca ralada costuma ser eficaz para temperar o arroz doce. Há quem o transforme em licor de casca de laranja e quem se contente com um delicioso chá.

Ainda que não soe poético, ele também serve para alimentar a flora intestinal que nos defende dos micróbios causadores de doenças, bem como para regular o funcionamento do intestino e curar prisão de ventre.

Tem dificuldade para espirrar? Cheire um bagaço ligeiramente torcido para dar um bom espirro. E, por falar nisso, os químicos podem fazer um delicioso perfume com o bagaço de laranja.

Ele ainda pode ser usado para matar a fome de um menino pobre, que não ficaria saciado apenas com o caldo de uma laranja. E, se ao invés de faminto o garoto estivesse triste, o bagaço poderia ser usado para a gente improvisar um brinquedo, fazendo um barquinho com a casca seca. Isso tudo sem considerar que ele poderia virar uma cuia improvisada para alimentar passarinhos, dar água para os pombos ou colocar ração para um cãozinho de rua.

Quer mais? Um bagaço de laranja serve para guardar uma muda de planta quando não temos um vaso. Quando está bem seco, se atirado ao fogo, serve como combustível e alimenta as chamas de uma fogueira de acampamento. E, quando ainda não secou, também pode ser queimado para espantar mosquitos.

Pode virar uma tigela para servir sorvete de laranja ou mousse. Com alguns palitos espetados de maneira criativa, ele pode até virar um arranjo de mesa em uma festa de primavera... 

A utilização de um bagaço vai depender da maneira como ele foi golpeado ou do tipo de corte que recebeu. De qualquer forma, quem o despreza não é capaz de perceber tudo quanto está perdendo.
Grande coisa é ser um bagaço de laranja! Glórias a Deus pelo bagaço de laranja! Um bagaço de laranja não tem medo de ser chutado, moído e amassado, porque já perdeu o orgulho das laranjas.

Por isso, caso você esteja se sentindo inferior e desprezado, quero que entenda uma grande lição: se um bagaço de laranja ainda serve para muitas coisas, imagine o que Deus pode fazer com uma vida preciosa como a sua.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

NaPaula e o tempo...

Lá pelos idos de 1990 (sim, vivi essa época!), no auge dos meus 15 anos, ao projetar meu futuro, eu pensava: nossa, daqui a 15 anos, eu terei 30. Meu D-e-u-s, 30! O que será que vou ter vivido nos próximos 15 anos? Sim, porque a gente só começa a ter consciência da vida lá pelos 13, quando a gente descobre, de fato, que a vida tá aí bem na nossa frente, que há os meninos, que há um monte de coisa pra ser vivida (mas isso é assunto pra outro post).

Pois é. Então. Aí fiz os tais 15 anos (pera que eu quero abrir aqui meu coração: não tive festa de 15 anos, um trauma que trago até hoje. Nem um bolo solado, nada, zero. Arrasada até hoje...).

Pois bem... Fiz os tais 15 anos... E o tempo começou a voar de repente. Quando abri os olhos, estava indo pra faculdade (passei no vestibular - alguém ainda sabe o que é isso?!? - aos 17). Aos 22, estava me formando. Com 23, comecei a trabalhar. Aos 25, me casei. Com 27, fui mãe. E, de repente, 30! Isso foi ali em 2005. Como assim, gente, já se passaram 10 anos desse acontecimento??? É... Passou...

Passou e, ao contrário do que minha parte nova pensava, eu não estava medonha, não tinha morrido pro mundo mulherístico e estava cheia de sonhos e coisas boas pra viver.

Fiz 35 num galope. E eis que, recentemente, entrei para aquela faixa de idade eterna: os "enta". Tudo bem que eu acho que vou até 120, vovó-gatinha total, esbanjando saúde, super lúcida, contando meus causos pros bisnetos, que ficarão atônitos e pensarão: "caraca, minha bisa era sinistra".

Fiz 40. Uau, qua-ren-ta. Quatro décadas. Como eu me sinto? Super-hiper-mega-ultra bem (todos os prefixos querem dizer a mesma coisa, tá, só parecem dar um grau maior de grandiosidade). Não sinto o peso da idade imposto pela sociedade. Sinto uma enorme vontade de viver, de rir, de ser feliz. De (re)escrever minha história, a partir dos sonhos de Deus e não mais da minha vontade. Porque sempre me ferro (desculpe o termo pouco ortodoxo) quando (só) quero fazer o que me dá na telha. Chego aos 40 com algumas cicatrizes. Putz, e algumas ainda doem. Não estão tão fechadas. Mas já não sangram. E, quando olho pra elas, lembro: não morri. Sangrei até quase morrer, mas não morri. E dou uma pela língua pra elas.

Estou mais bonita (principalmente quando olho fotos um pouco mais antigas hahahahaha). Gente, sério: o tempo nos melhora, acredite!!!! Se você se sente feia(o) agora, calma! Daqui a uns anos, você vai ter certeza disso, mas vai se achar bem melhor hahahahaha...

Voltando... Estou mais bonita, mais segura, mais um monte de coisa. Também não vou ficar aqui jogando confete em cima de mim mesma, porque isso é chato. Ok: o espaço é meu e eu poderia ficar horas e horas, quer dizer, palavras e palavras dizendo como sou legal, gente boa, amiga, interessante, modesta, hahahaha pois é. #parei.

Não tenho medo do tempo. Já vi que estou com rugas novas. Não, rugas, não: marcas de expressão rs. Vai chegar uma hora em que os hidratantes e os cuidados não mais disfarçarão nada. E realmente precisamos? Tá, precisamos! hahahaha Mas vá sem exagero. Cuide-se sempre. Mas que a gente sempre se lembre que o nosso melhor reflexo vem de dentro!

Crédito: Cristiano Nogueira

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terça-feira, 14 de abril de 2015

Fiat Lux ou Gênesis!

Foi lá na 8a série, sob o comando rígido da D. Neide, minha professora bravíssima de Português, que comecei, de fato, a escrever por e com gosto.

De ler, eu já gostava há tempos: era até escolhida para ser 'oradora' nas festividades da escola. E, nas aulas, sempre lia os textos. "Ela tem boa entonação, parece até que interpreta", diziam alguns professores. E eu interpretava mesmo. Adorava fazer vozes diferentes na mudança dos personagens. Acho até que isso me ajudou quando fiz uma peça de teatro. Mas isso já é assunto para um outro post...

Voltando ao assunto de escrever... Quando estava naquela encruzilhada do fim do 2o grau, vendo-me tendo de escolher meu futuro (e alguém, aos 17 anos, está pronta pra escolher alguma coisa?!?), olhei para as opções e pensei: tem que ser algo nessa área da escrita, gente... Leio, procuro lá as contas de candidato por vaga e... LETRAS! Bingo, olha que fácil! L-e-t-r-a-s... Tudo a ver! Sabia de nada, essa inocente aqui. De fácil, só as noites em claro estudando Filologia Românica, Latim I, II, III, Etimologia, Sintaxe, Literaturas sem fim...

Quantos dias pegando carona, porque a grana era curta. Quantos dias filando biscoito das amigas, porque a grana era curta. Quantos dias na Biblioteca do ICHL estudando sem fim, porque a grana era curta para a imensidão de xerox e livros. Quantos dias...

Mas, no dia 15 de março de 1997, fiz valer cada dia daqueles. Minha mãe, minha irmã, minha tia eram a minha platéia. Ao som de Carmina Burana (Oh Fortuna), entro eu, com a minha beca impecável (que escondia um vestido vermelho lindo por baixo - à época), equilibrando-me num salto altíssimo, morrendo de medo de cair e parar numa daquelas videocassetadas do Faustão. Não caí.

Recebi meu canudo e o apontei na direção da minha mãe: CONSEGUIMOS, gritei. A primeira da família com diploma universitário, que orgulho. Dela, meu, de todos. E adivinha quem foi a oradora da minha turma? Pois é. Eu. E ainda sei meu discurso de cor até hoje, e sempre me emociono ao lembrar daquele dia...

Ai, ai... O tempo passou rápido. Dezoito anos, para ser exata, desde aquele dia 15.

Em 2000, o Jornalismo entrou na minha vida. Juntei duas paixões. Comecei com revisão, depois matérias até chegar ao cargo de Editora. Migrei pra Assessoria de Imprensa alguns anos depois, quando "caí" no ramo fonográfico. E, hoje, aqui estou, voltando aos meus tempos de escola e escrevendo coisas minhas nessa imensa folha em branco.

E do que tratará o blog? Boa pergunta! De quase tudo. Ou tudo, (ainda) não sei. E por que "AhNaPaula"? hahahahaha Invencionice pura. Nas minhas postagens mais ácidas ou irreverentes ou irônicas ou tudo junto ou não tendo nada a ver, eu sempre coloco a hastag (#) #napaulanapaula, uma forma de brincar com o jeito que minha mãe me chamava a atenção quando eu fazia algo que ~ela~ considerava errado. Era um "Na Paula, Na Paula". O "a" sumia, assim como toda a minha coragem em seguir adiante na ~arte~ que eu estava fazendo. A interjeição "ah" (gente, olha ela aí lembrando de coisa que ninguém fala mais!) é só uma brincadeira com o meu nome....

Bem, é isso. Esse é o começo de tudo. Vai ser divertido. Mas pode haver dias em que não serão.
Se você quiser, pode vir comigo. Você vem?

Boa leitura


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