segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Uma conversa ao pé do ouvido, um café e você...

Vamos conversar um pouco? Sem pressa, sem medo, só eu e você...

Será que já falei o quanto suas mensagens me desejando bom dia fazem dele realmente dias bons? Contei o quanto as músicas que me manda me fazem imaginar nossos corpos dançando no mesmo ritmo? 

É, talvez eu seja bastante repetitivo, mas é inevitável. Tudo relacionado a você e a quem se tornou em meu mundo, são os meus assuntos prediletos. Eu queria ver seu sorriso no noticiário, ver a alegria nos seus olhos estampando uma manchete de primeira página, descobrir que seu perfume atravessou a cidade, levando poesia a todos os corações amargurados. Ah, se as pessoas enxergassem como é feliz todo aquele que atravessa seu caminho, que é envolvido em seu abraço... É o instante em que a sua alma toca a do outro, e a gente se dá conta que ainda existe pureza neste mundo. 

Sua alma, ainda que tenha sido ferida e machucada, não é amargurada. Seus olhos, apesar de nada inocentes, não causam dúvidas. A sua voz e os seus passos mostram que você se tornou dona da própria história, e não há nada que seduza mais do que isso. Enlouqueço com som da sua voz. Adoro os áudios que me manda, e até peço desculpas por sempre demorar a lhe responder. Não é charme, nem preguiça, mas é que eu me perco repetindo cada um deles, só para te ouvir um pouco mais. Amo quando me liga ainda na cama, me dizendo que sonhou comigo ou que está sentindo falta do meu café. Fico lembrando do seu perfume no travesseiro, das pernas em cima de mim e de como acorda sempre bem-humorada, principalmente nos dias de sol. Adoro as marcas que ele deixa em sua pele, e a felicidade maliciosa em me mostrar cada uma delas. É a senha para que eu possa me perder mais uma vez em alguns dos detalhes que te fazem única: sua cor dourada, seu gosto de tangerina, a firmeza de suas mãos cravadas em minhas costas... Nesses instantes de perdição encontro razão para continuar vivendo, inspiração para enfrentar as segundas tediosas. 

Você foi a chuva de verão que chegou imprevisível: quente, deliciosamente caótica, e mudou de vez a minha vida. Arrastou a rotina para longe dos meus dias, me mostrou horizontes através dos seus olhos. Fez de mim um homem apaixonado, que ri idiotamente com alguma mensagem sua e que fica preocupado quando seu mundo estremece. Me encantei de tal forma com as preciosidades que carrega, que pinto quadros e imagino porta-retratos de uma família feliz. Eu sonhei um dia com uma felicidade bem diferente, e hoje vejo que meus conceitos eram todos vazios, até que encontrei você. Foi na simplicidade do seu sorriso e nas linhas do seu português bem escrito que perdi a necessidade de correr. Foi no momento em que senti a batida do seu coração aninhado em meu peito que encontrei a paz para minha alma. Uma paz que não sabia que existia e que agora não abro mão de sentir.

(Por Ana Santos, do blog Escritora em Construção - www.escritoraemconstrucao.com) - (Leia ao som de Me espera, Sandy & Tiago Iorc)



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terça-feira, 15 de novembro de 2016

Um cara de sorte, ela e tudo o mais...

Às vezes, eu nem acredito na sorte que eu tive ao te conhecer. Eu pensei em não ir àquele encontro, acredita? Acho que já te contei isso mil vezes, e olhando você agora, enquanto faz o café, me peguei relembrando isso...

Aqui nunca estamos sozinhos, e isso enlouquecia você no início. Estranhei ter outros olhos que não (só) os seus me olhando, mas como não me encantar com os seus olhos nos olhos daquelas ‘napaulas’ minúsculas que correm pela casa querendo atenção? Não sou eu um homem de sorte, tendo mais de uma mulher atrás de mim? (risos)

Sim, eu sou um cara de sorte. Esse teu sorriso, que me incendeia por dentro, é meu. A tua gargalhada mais gostosa sou eu quem ouve. É nas minhas mãos que você segura quando a cena do filme é mais tensa, e são nos meus dedos que você toca, quando quer chamegar, naquela brincadeira gostosa que só você faz. Que sorte a minha!

Quando estamos juntos, naqueles dias frios, você sempre procura os meus pés para esquentar os teus, e é inevitável não ter aquela guerra de dedos por debaixo do edredom. A gente sabe como acaba isso, né, e, novamente, sou eu que estou lá...

E sou eu quem escuta tuas lamúrias por um dia não tão produtivo e sou eu quem te abraça, dizendo: “Ei, vai passar”. E como eu sei que você gosta disso. Sou eu que finjo não estar ali, esperto que sou, em teus dias de tempestade. Eu também tenho os meus e te entendo. Você é porto pra mim nisso também...

Ah, e como é bom saber que são só pra mim as mensagens de bom dia e as músicas do Michael Bublé que você manda. Elas embalam meus sentidos, me levando de volta a você. Que cara de sorte eu sou...

Lentamente, o cheiro do café vai me trazendo de volta para o nosso ambiente de muita cor e vida, cor e vida que minha vida cinza e solitária tanto queria. Olho pra você: mecha solta do cabelo sobre o ombro, aquele olhar de “Que foi?” e um sorriso escondido nos olhos... "Nada", respondo. "Só pensei em como sou um cara de sorte..."

Da série "Textos para sonhos reais", parte 1. Ao som de Sintomas de saudade (A sua), Marisa Monte






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domingo, 6 de novembro de 2016

NaPaula, a partida e a partida

Tinha tudo para ser um fim de domingo como outro qualquer. O programa da TV dava "boa-noite" aos telespectadores, que entendiam já ser hora de dormir, mas ela não conseguia "desligar". Resolveu procurar companhia naquele lugar, alguém que quisesse conversar apenas, nada demais. Ou sim?

Achou. Parecia ter achado. Trocaram corações e esperanças. Mais um? Mais uma? As perguntas e respostas de sempre. Inicialmente, o básico, mas, depois, a resistência do acreditar foi dando lugar a uma vontade de descobrir mais e mais daquela pessoa por detrás dos óculos escuros. E tantas histórias surgiram, tantas conversas... E o "bom dia", "durma bem", "já acordou?" "Como foi o dia?" "E as crianças?" foram se tornando necessidades diárias. Ele dizia o que ela tanto queria ouvir. Ela fazia graça de tudo, e ele achava graça disso, apesar de nem sempre entender.

Ela achou que conseguiria desarmá-lo com sorrisos, mas ele não estava mais acostumado com isso. Se perderam, depois se acharam. Ou acharam que podiam se encontrar, ela não sabe. Insistência dela, claro. Ele já estava agarrado ao seu orgulho de sempre. Cedeu. Ela esqueceu a turrice dele e decidiu seguir pela rua de paralelepípedos que era o seu coração. Equilibrava-se no seu salto alto das palavras, para não dizer algo que ele não gostasse. Fez menos graça e seguiu devagar.

Naquele sábado frio, encontraram-se para esquentar os corações. Expectativas, ansiedade, projeções. Na tela, futebol. E entre um gol e outro, goles de conversa. E tudo parecia tão real quanto era no virtual: o mesmo carinho nas palavras, o tom calmo... A timidez nos olhos e um olhar apaixonante a fizeram acreditar que seria possível, por que não? Na hora da despedida, ela não sabia como ir. Havia tanta vontade de ficar, ainda mais quando os céus das bocas explodiram em cores e encontros. "Pode ser possível", pensou, sorrindo na alma...

E o encontro pedia novos encontros. Urgentes, necessários. Ah, e ela, então, abriu as asas e se permitiu voar em sonhos que tinha. Ela via os pedais da bicicleta girando ao redor da Lagoa, aquela vontade antiga dela, lembra? Passeios de mãos dadas, com direito a picolé de limão em dias abafados e quentes. O riso das crianças levadas ao ombro. Parecia tudo tão possível...

Mas havia coisas que ela não poderia prever. E ela se esqueceu de não adiantar tanto os ponteiros do relógio...

O dia chuvoso lavou e levou suas vontades. O encontro, desfeito. E ela não sabia como juntar todas aquelas expectativas jogadas ao chão. Abaixou-se, lentamente, recolhendo os pedais da bicicleta, os picolés de limão, a vista da Lagoa, os passeios de mãos dadas, a risada gostosa das crianças... Guardou tudo novamente na sua sacola de ilusões... Sentou-se na beirada da cama. Olhou o céu cinza lá fora, as unhas feitas, o cabelo tão bem arrumado. A roupa que havia separado voltou a dormir nos cabides de veludo que ela tem.

Não quis olhar mais para o telefone. Isolou-se no seu mundo de silêncios e sons particulares. "Você sempre acredita cedo demais. Não aprende? Não aprendeu?", disse aquela voz que ela conhece muito bem.

Sentiu uma pontada estranha no coração. Já havia doído outras vezes. "Traumatismo coronariano", disse a voz, "mas segue o jogo. Um dia, você vence essa partida"...



Ao som de Não vá ainda, com Zélia Duncan

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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O urso, a raposa e o relógio

Ele foi um dia de sol, depois de um longo e tenebroso inverno. E ele sempre ria disso quando ela falava. Mas era assim que ela o via, era assim que ele seria lembrado por ela pra sempre.

Se conheceram naquele lugar improvável. Ele estava geograficamente bem distante dela, mas a tecnologia os aproximava todas as noites. O "oi" dele era música para os seus ouvidos, e sua voz, tão cheia de cor, a tirava para dançar em seu quarto.

Um dia, decidiram se encontrar. Um passeio? Um cinema? Um teatro? Um almoço? Um jantar? Muitas opções para quem só queria estar perto, e estar perto foi o que decidiram fazer.

Mulher, né, você já imagina. "Com que roupa? E o cabelo? Fazer as unhas, sobrancelha, pele, emagrecer 3kg... Sapatilha ou salto? Bolsa de mão ou a tiracolo? Preto, branco ou vermelho? Batom ou gloss? Vestido?"...

Na cabeça dela, ele era o príncipe que a entendia com palavras. Era o carinho à distância que ela adoraria sentir de perto. Ele era o sorriso com o qual a gargalhada dela combinaria. Ele era! Sim, ele era!

"Que tal dia 19? Ou 20?!" Para ela, estava ótimo! “Nossa, que semana interminável!” Até que chegou a sexta, daquele ano par que ela jamais vai esquecer. "Você é louca, nem conhece ele. Você não vai", disseram! E quem a impediria? E ela, senhora de si, foi.

Naquele dia, ela escolheu vestido. Longo, claro, por ser mais elegante. Bolsa de mão. Salto. Rímel e batom. E foi de arco-íris pra colorir a vida e a noite. "Pode ser que não dê em nada. Pode ser que aconteça tudo. Aja naturalmente!", dizia ela para si mesma, tentando controlar a ansiedade. 

Já no lugar combinado, lá estava ela. Tantas pessoas indo e vindo... Em meio à multidão, como se (re)conheceriam? E se ele não fosse? E se fosse uma loucura? E se ele fosse um ogro e não um príncipe? E se fosse um desses malucos soltos por aí? E se fosse uma pegadinha? Tantos “se”... até que ela o avistou chegar. E como sabia que era ele? Ela sentiu... Borboletas em fuga no seu estômago! Beijava no rosto? Um ou dois? Apertava a mão? Ou ambos?!? Quando ele chegou, ela resolveu abraçá-lo: problema 1 resolvido. Meu Deus, ele era lindo, e como fazer para disfarçar o encantamento?!? A voz passou a ter um rosto, o sorriso ganhou moldura.

Nas mãos, além da bolsa, ela carregava um presente. É, ela é dessas que gosta de surpreender. A desculpa era o Natal, que estava bem perto... "Vamos lá em casa deixar isso, para ficarmos mais à vontade aonde vamos", ele disse. "Claro", disse ela, entre um sorriso de desespero, medo e "ok, não é nada demais".  E não foi mesmo. Saíram de lá tão rápido quanto entraram...

Ela tentava manter a calma da sua maturidade, ou a maturidade que ela pensava ter. Chegaram ao restaurante, muito acolhedor, sonzinho ambiente. Claro que ela estava com fome, não havia comido nada quase que o dia todo "para parecer mais magra". Besta! Agora teria que comer beeem pouco mesmo, pra não parecer uma faminta, e nem ficar com nada preso aos dentes (ah, esse aparelho!). Ele pediu uma bebida; ela preferiu suco. E a conversa fluiu leve e solta, como sempre havia sido entre eles. Tantos risos, tanto olho no olho. E quando as mãos se encontraram sem querer, resolveram se manter juntas. Ela amou o fato dele ter barba (por isso o "urso"), daquelas de verdade, sabe, gostosas de se fazer carinho. Ele disse que ela tinha olhos lindos. E, de repente, não disseram mais nada. Por alguns segundos, sumiram todos os sons e ela até esqueceu de onde estava. Ainda mais um tanto de papo, e resolveram dar uma volta. A noite era quente, às portas do Verão. Havia um calçadão inteiro só pra eles, apesar do tanto de gente que por ali caminhava. Tocava uma música em um dos quiosques. Eles pararam para ouvir, meio que ainda caminhando. O vento do mar bagunçava o cabelo dela, que ele ajeitava com mãos de carinho.

“Quero ver o presente”, ele disse. Ela sorriu e entendeu que era hora de irem. E foram. Ela estava eufórica e ansiosa: parecia que a lembrança era para ela mesma. Havia procurado algo que se parecesse com ele, vasculhou a internet. Achou um relógio. Riu e comprou. “Mas logo um relógio?!?” Não, meu caro e minha cara, não era um marcador de horas comum: ele trazia os números de forma divertida, e ele, como uma pessoa de exatas, iria gostar. Essa era a aposta dela. E não é que acertou? Ele riu e fez questão de colocar as pilhas, para ver funcionando logo. Ganhou lugar de destaque na cozinha e no coração dele. 

Tic tac, tic tac... E ali, embalados pelo som dos ponteiros, eles dançaram juntos a valsa que une os corações. E ela foi feliz como há tempos não era.

Quando a conversa foi retomada, falaram de tudo que já haviam dito. Riram de novo de tudo. “Você não gosta de lula?”, ele questionou. “Não, detesto. Mas amo camarão”, sorriu. “Lagosta é melhor, eu acho”, falou ele. “Nunca comi lagosta, tem gosto de quê?”, ela quis saber. “Pra mim, tem gosto de frango”. “Que absurdo! Lagosta tem que ter gosto de algo diferente. Logo de frango?!? Um dia eu provo!”, ela gargalhou.

E a noite trouxe seu manto de descanso sobre a cidade que (quase) não dorme...

“Vamos tomar café ou esperamos para almoçar?”, ele quis saber. Na beirada da cama, o relógio marcava 10h. “Meu Deus, isso tudo?!?”, ela pensou. “Posso fazer um café e almoçamos mais tarde, que tal?”, completou. Pensaram em tanta coisa que não fizeram nada além do que o olhar pedia...

“Quero te levar em um lugar”, ele disse. E lá foram. Ela queria dar a mão pra ele no caminho, mas achou melhor ficar olhando a unha e trocando a carteira de mão em mão. “Onde você quer se sentar?”, perguntou. Como ela não conhecia o lugar, disse que ele poderia escolher. “Tem um prato aqui que você vai adorar”, ele sorriu. Ela sorriu de volta e só pediu que não tivesse cebola. Ele não quis que ela visse o que era, e fez uma cara de quem estava aprontando. Mais conversa, mais sorrisos e o prato chega. À sua frente, tudo que ela gosta e uma LAGOSTA. Ela riu. Primeiro, pelo “presente”. Segundo, de nervoso: como se come lagosta, meu Deus?!? E ele, com toda a sua expertise, tomou a dianteira e ela apenas o seguiu. Se tinha gosto de frango? Não. Tinha gosto de sonho, de gentileza, de carinho, de bem-querer, de cuidado, de mão no rosto, de amor. Ele era um príncipe.

A tarde veio, e com ela a carruagem que a levaria embora daquele reino. Sim, ele era um príncipe, mas ela... ela era apenas a raposa cativada, e eles sabiam disso. Mas como seria bom se ela pudesse ser a sua rosa, aquela a quem ele dedicaria seu tempo e sua importância.

“Adorei tudo, obrigada. Obrigada por ter sido tão encantador, tão gentil, tão mais do que pensei”. “Não te fiz um favor, então, não agradeça. Fui só o que você precisava que eu fosse”, ele disse. Havia chegado a hora de desfazer o laço. Os braços ficaram soltos; as mãos, distantes; a boca, seca; os olhos, tristes; o coração, apertado. E ela o viu sumir. Abaixou a cabeça, entrou na carruagem e se foi.

Nunca mais se viram, por essas razões que o coração não entende, mas nunca deixaram de se falar. Ela romantizou, é verdade, e ele foi prático. Ela quis apertar o botão do repeat, e ele deu pause. Ela tentou andar junto, mas ele seguiu na paralela, e paralelas não se encontram...

Mas ela se tornou inesquecível pra ele, ela sabe. Eles sabem. Quando ele olha as horas naquele relógio, ela está lá, sempre o levando de volta ao balanço do tempo que nunca para.


#PraVcComCarinho    




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domingo, 11 de setembro de 2016

NaPaula, a ficção e a realidade (ou vice-e-versa)

Eu sei, eu sei. Não ia dar certo. Não fomos programados para sermos um do outro. Pessoas certas, momento errado. Ou sempre fomos os errados tentando dar certo? Não sei. Será que um dia saberemos?

Resolvi sumir. Quer dizer, resolvi não ir mais atrás. Pra que iria? Por que iria? Tentamos algumas vezes, lembra? Não vamos negar que sempre foi bom. Se fosse ruim seria tão mais fácil. Seria tão fácil dormir sem pensar que você beija do jeito que eu gosto. E seria muito mais tranquilo pra você se eu não soubesse fazer aquele carinho que você adora. Que droga!

Mas a gente sabe que não vai dar certo. Você torce pelo meu time rival. Você gosta de frio; e eu, de calor. Você adora vinho e eu detesto bebida. Eu acredito em Deus e você é descrente de tudo. Não dá, não tem como ser, a gente sabe.

O que a gente não sabe é deixar de pensar um no outro. Como faço pra esquecer esse abraço acolhedor? E o meu cheiro impregnado nas suas narinas, como sai? Aquela gargalhada da madrugada, aquelas horas intermináveis no whatsapp, as músicas que ouvimos separadamente, mas lado a lado? Como apagar do nosso HD mental?

Como apagar a sensação do suor pelas costas, do beijo salgado, do oceano que se formava ao nosso redor? Como esquecer o silêncio ensurdecedor do que não dissemos? E como não dormir embalados pela calmaria do final do nosso espetáculo? Apesar disso tudo, desse todo, a gente sabe que não vai dar certo.

Claro que eu quis que desse! Eu tentei me ajustar ao seu tempo, mas os nossos horários não batiam. Eu tentei acompanhar seus passos, mas suas pernas são longas. Eu tentei ir mais devagar, mas você teve pressa.

Sim, eu sei: também não consegui ser a paz que você queria. Mas eu sou furacão e mar revolto, esqueceu? Você sabia disso, não se faça de bobo. E eu não sou domável, você sabe: Eu beijo de olhos abertos, pra te provocar. Eu tomo as rédeas, mesmo gostando do seu controle. Eu digo que preciso ir, mesmo ainda sendo hora pra ficar.

Eu sei que jamais encontrarei alguém como você, perfeitamente cheio de imperfeições. Agitadamente calmo. Tranqüilamente eufórico. Ogramente amoroso. E isso me sangra o coração. Porque eu queria muito que desse certo, eu queria muito que fôssemos nós, mas nossos pronomes são solitários e não conjugam juntos.

Da última vez que nos vimos, tudo foi muito tenso e intenso. Por que sempre brigamos?!? Prefiro aquela parte do silêncio das bocas unidas, quando nossas mãos se encontram e falam por nós...

Você disse que precisava ir. Eu implorei que você ficasse. Na tentativa de impedir o inevitável, pedi que o tempo parasse. E mesmo diante dos meus olhos suplicantes,  ele seguiu seu curso, e eu vi você sumir, deixando apenas aquela vontade latente, aquela necessidade exigente de tudo outra vez. Mas que vez? Que outra?

Não vamos dar certo. A gente sabe. Mas, se você quiser, eu erro tentando acertar...

#saudade





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terça-feira, 30 de agosto de 2016

NaPaula, Nanda e Duda e o nunca é em vão...

As meninas estão com 2 anos e 6 meses. São lindas, um charme e bem agitadas. Mas, de uns tempos pra cá, algo me incomodava: elas não ‘falavam’ ainda. Quer dizer, falam, mas aquela língua de bebê bem embolada. Consigo entender o que “dizem” por intuição materna, muitas vezes; claro que ‘falam’ algumas palavrinhas, como mamãe, água, pooca (pipoca), Piipe (Filipe, o irmão), Ico (Rico, o nosso cachorro), entre outras. Mas não fazem frases infantis. Para piorar, sempre ouvia: “nossa, elas ainda não falam? Fulaninho, com menos idade que elas, já fala pelos cotovelos”. Odeio comparações, mas até eu já me vi fazendo contas, tentando lembrar quando meu mais velho começou a falar.

A escola delas também me sinalizou esse “atraso”. Fiquei ainda mais arrasada. Impossível não colocar na bolsa de culpas materna mais alguns itens: “Será que isso tem a ver com a depressão na gravidez? Será que fiz alguma coisa pra que elas não falassem? O que será que EU fiz...

Enfim...

Passei a falar ainda mais com elas, não as deixo mais tanto tempo vendo desenho, procuro ser mais didática, tentando associar o que elas gostam com cores e palavras (“olha, filha, o céu é AZUL”). – Atenção: se tiver algum profissional na área lendo esse texto, não ria. Aqui é uma mãe tentando ser professora do maternal rs

Bem... Ontem, foi dia de pediatra. Consulta de rotina, graças a Deus. Após aquela bateria de perguntas e respostas, mostro à médica o relatório da escola e peço uma orientação quanto à indicação a uma ‘fono’ ou até mesmo a um psicólogo. Ela lê atenta, ri de algumas observações e pede que eu me tranquilize, que ‘observemos’.

Volto pra casa, rotina de sempre. Mesmo cansada, sento no chão com elas, leio revistinhas, canto, bato palmas, mostro figuras coloridas na tentativa de que elas “decorem” as cores. Em vão. Mostro um objeto vermelho, e Nanda, sorridente, diz: “alalelo”. Mostro um azul e ela diz: “memeio”. Rio junto, não sei se de mim, no papel de pseudo-pedagoga, ou se dela, com aquela cara linda e um sorriso cheio de dentinhos...

Vamos dormir. Dessa vez, na minha cama, pela primeira vez depois de “grandes”. Estavam enjoadas no berço e eu já cansada de tantas idas e vindas ao quarto delas. Apagaram, que maravilha. Eu nem tanto, mas deu pra descansar.

De manhã, no meio daquela correria toda de arrumar as duas para a escola, eis que Nanda se aproxima da cabeceira. Fico com um olho em Duda e outro na bonita lá, que está mexendo nas coisas. Ela pega um dos meus porta-retratos coloridos e me chama: “mamãaae”. Eu respondo: “oi, filha”. E ela me mostra o porta-retrato: “oxo”. Dou um sorrisão, digo que ela está de parabéns, que a cor é roxo mesmo, que lindo! Ela ri e o coloca no lugar. Duda quase pronta, e ela me chama novamente, mostrando outro porta-retrato: “alalelo”. Morro de orgulho, vou lá e dou um agarrão nela, falo “muito bem, isso mesmo, amarelo!”.

Desço com ambas, que seguem pra creche. E o rostinho de Nanda falando as cores não saem da minha mente, e penso: “não é em vão”. Não é em vão quando chego tarde e ainda dou o meu (pouco) tempo a elas, ali, sentada no chão, seja brincando de contar histórias, seja tentando algo mais ‘pedagógico’. Não é em vão decorar todas as músicas do Show da Luna e saber cantar com elas. Não é em vão dançar “Tchutchuê” na sala e ver a cara de interrogação do vizinho da frente diante de minhas tentativas de acertar a coreografia. Não importa se pego trânsito, se vou amassada no transporte público, se ainda vou ao mercado depois do expediente, mesmo morta de cansada. Não importa. Importa é saber que cada sementinha que eu planto, regada com paciência e amor, surte efeito no tempo devido.

Por isso, repita sempre: não é em vão! Não é em vão toda sua dedicação no trabalho. Não importa que seu chefe não tenha visto. Não importa que você não ganhe mais por isso nesse momento. Na hora certa, a recompensa vem. Também não é em vão seus anos de dedicação aos estudos. Não importa ter perdido algumas saídas bacanas. Na hora “daquela vaga”, isso será o seu diferencial. Não importa se dedicar tanto à sua família, à sua casa. Quando longe, é para os seus braços que eles querem voltar, é para esse pedaço de paz que eles querem ir...


Não deixe nada esmorecer você. Nada é em vão...


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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Bom é ser pai...

Talvez você estranhe o tom do texto, talvez não o ache engraçado e talvez ele nem seja mesmo para rir. Quem sabe valha como reflexão para você que quer ser mãe ou você que queira ser pai e não tem a exata noção do que te espera. Sim, os papéis são diferentes, mas ambos igualmente importantes. Pena que nem todo mundo entenda isso muito bem... Vamos lá...
Dia desses, conversando com algumas amigas separadas, que também são mães, ouvi delas relatos chocantes sobre a existência de uma figura que denominamos de "pai-fantasma" ou "pai-Porcina" (o que era sem nunca ter sido, slogan da personagem icônica da novela Roque Santeiro). Pois bem... Pareciam os mesmos tipos, sempre, incrível, mesmo uma pessoa nem conhecendo a outra. A similaridade de situações me fez pensar que alguns homens fazem curso para serem maus pais, e todos se formam com louvor. Então, diante de tantas reclamações, cheguei a uma conclusão: bom é ser pai. E explico abaixo:
Ser mãe é muito ruim, principalmente após a separação do casal. Mãe tem que colocar regras, mandar estudar, implorar pro filho fazer o dever, cuidar das suas coisas, dar educação. O legal é ser pai, que aparece quando quer e diz: "Deixa a criança se divertir um pouco, só estudar, estudar, estudar é chato". Paizão, claro! 
Ser mãe é muito ruim, ainda mais quando ela resolve refazer a vida. Legal é ser pai, que está feliz e pimpão com a vagabunda de 8a (porque nem de 5a serve pra ser) ou com a coitada que não sabe absolutamente nada sobre o "bonito" e está achando que com ela vai ser diferente. A mãe quer namorar, mas pra quê?!? O amor dos filhos não basta?!? Quer namorar pra quê, mãe?!? Você não tem autorização da sociedade pra ser feliz de novo, não mesmo! Até porque, provavelmente, a culpa pelo fim do casamento foi sua: quem mandou não agüentar calada os maus-tratos, as traições, a indiferença?!? O amor tudo suporta, lembra?!?, quis seguir a vida, agora agüenta!!!
Pois é... 

 

Ser mãe é muito ruim... Ainda mais quando a mãe trabalha, está com as contas em dia, mas pede ao pai que pague a pensão, afinal de contas, os gastos são muitos! Mas, puxa, tadinho do pai, formou uma nova família, não tem como "bancar" as duas. Então, mãe, você precisa ser mais compreensiva e entender esse momento difícil. Você precisa entender que ele não tem dinheiro para o lanche dos filhos, para o sapato deles, para ajudar no plano de saúde, no leite, nas fraldas, mas, para o carro novo dele, teve dinheiro, afinal, né, precisa ter. Para comprar as rodas novas do possante também teve dinheiro. "Preciso chegar bem nos lugares", ele disse. Não tem dinheiro para comprar a roupa de frio da criança (quem mandou perder as outras tão rápido?!?), mas o iPhone 7STXZ comprou, porque todo mundo da sua patota tem, e ele não pode chegar com um Samsung! 
Pois é...

 

Ser mãe é muito ruim, principalmente quando o filho fica doente. Ela não dorme direito, verifica febre, dá remédio, controla temperatura, se preocupa, liga pro médico... Mas o legal mesmo é ser pai, que até "ajuda" a comprar o remédio, mas leva só um, né, porque o outro estava muito caro... E deixa o "caro" pra mãe. E a mãe, que passou a noite em claro, tem que chegar "inteira" ao serviço no dia seguinte, senão o patrão acha que ela não dá conta por ser mulher. "Vive cansada essa aí, não sei por quê!", ele diz. É... coitada...
Pois é...

 

Ser mãe não é legal. Ela combina de sair com os amigos, afinal, é o final de semana do pai. Tudo certo, ela já está arrumada, tudo pronto pra dar uma desestressada. Aí faltando 10min para o pai chegar, ele liga, avisando que não vai. E desliga. Lá vai a mãe tirar a maquiagem, trocar de roupa e assumir seu papel de sempre. Quer sair pra quê? Ser mãe é padecer no paraíso e não ter descanso mesmo. Mas o pai? O pai não pôde ir buscar os filhos porque tinha um compromisso em uma pousada com a atual-futura-ex. Ele não poderia perder essa oportunidade, não é mesmo?!? É homem, né, você entende.
Aí, diante de tantas outras histórias, eu pensei: ser mãe não é legal. Bom mesmo é ser pai...




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sábado, 25 de junho de 2016

NaPaula, o que dizem e o que ela vai fazer

Dizem que eu preciso sair, que essa rotina filhos-casa-trabalho-casa-filhos ainda vai me matar. Não a morte morrida, mas a morte da vida. Aquela morte de ver, viva, as coisas morrerem diante de nós, indo embora, sem experimentá-las.  Reflito.

É, talvez eu precise mesmo dar uma volta, já que nem me lembro mais quando foi a última vez que me diverti. Mentira, lembro sim! Foi com a Ana, já tem um ano e como rimos! Mas, no meio da noite, eu (e ela!) só pensava em ir pra casa para dormir. Gente, dormir é muito bom. Se eu puder te dar um conselho, é esse: durma! Durma muito. E, se você acordar, volte a dormir, nem que você finja que está dormindo. Eu já fiz isso: acordei, achei um absurdo estar com os olhos abertos aquela hora e "voltei a dormir", só que o bendito relógio biológico não me deu trela, pois a mente já estava acordava. Só de raiva, fiquei deitada (até quando pude) de olhos fechados. Por dentro, estavam abertíssimos, mas eu os fechei pra mostrar quem manda nessa bagaça aqui, ora bolas!

Enfim... Voltando... Acho mesmo que eu preciso sair. Nem que seja pra dar uma volta no shopping, "olhar as modas" (até porque comprar está difícil), caminhar, 'deslembrar', nem que seja por pouco tempo, da minha rotina de mamadeiras, fraldas, choros e lágrimas infantis. Não, meus filhos não são culpados por eu estar mais "caseira". E jamais jogaria  neles essa "culpa". Às vezes, falta companhia. Falta A companhia. Falta grana, falta tempo, falta planejamento. Falta vontade, falta querer ir. Mas eu vou, ah, vou. Ao cinema, ao Manoel e Joaquim (sopa de siri, que saudade de você), à praia. Ao shopping, vou também. Vou bater perna até que não consiga mais andar. Vou. Vou mesmo. Vou com certeza. Vou experimentar roupa, sapato, bolsa. Vou me divertir rindo no teatro. Vou entrar naquelas lojas de móveis e sonhar com vários itens na minha casa. Vou também às de material de construção, para planejar a reforma na Portos Imperium, adiada com a "reforma" que Nanda e Duda fizeram na minha vida quando descobri que elas estavam vindo.

Vou a lojas de esporte também, imaginar NaPaula fitness, (mais) magra, sarada e com cara de mamãe de instagram que nunca tem problema! Vou, vou sim. E vou dar uma olhada em brincos novos e anéis também. Acho até que me permitirei comprá-los, afinal de contas, né, a gente trabalha tanto, merece uns mimos vez ou outra. E eu mereço muito! Se mereço! Ô!

Vou passear livre, a passos lentos, admirando a paisagem tão diferente do trio sala-cozinha-quarto que tanto tenho visto nos últimos anos. Vou! Vou sentir o vento no rosto, o esquentar do corpo ao sol de inverno, vou deixar o cabelo ficar bagunçado, enquanto toca minha música preferida na playlist do Spotify. Vou, vou mesmo! Preciso ir.

Vou ver gente, ouvir os sons de suas vozes, redescobrir o olhar. De repente, por um desses acasos, a gente se encontre também. Ou se reencontre. Tantas histórias, tantas memórias, tanta coisa...

Eu sei que você que está lendo diz internamente: isso mesmo, NaPaula, vai! Vai viver a vida, você tá nova... Vai, minha filha, vai sim!

E você tem razão! Vou mesmo! Vou e pronto. Vou colocar uma roupa legal, caprichar na maquiagem, no perfume e no sorriso. Vou, com certeza! Só não vai ser hoje. Porque hoje, meu bem, eu só quero dormir!

Boa noite!


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sexta-feira, 20 de maio de 2016

#NaPaula e o que ela merece...

"Mereço alguém que não abandone a conversa mesmo quando não mais tiver assunto pra continuar. Alguém que faça questão de sentar ao meu lado, que reverse o olhar, o abraço e a vida pra mim, que sempre encontre um espaço e um tempo pra me encaixar mesmo que a rotina seja bagunçada e o tempo curto demais. Alguém que confira se tranquei as portas, e se desliguei o café, porque eu sempre esqueço. Alguém que saiba que amar não é obrigação, que zelar é um gesto importante e que o amor não se acaba com os erros. Alguém que tenha paciência comigo, que aceite o meu atraso, porque sempre fui indecisa em escolher a melhor roupa pra não fazer feio. Alguém que entenda a minha mania de ansiedade. Alguém que apareça com um par de ingressos pro show do Nando Reis, que me leve pro cinema sem data ou hora marcada, que me faça bem, que me tire da cama e me apresente aos lugares, aos amigos e ao mundo. Alguém que me abrace mesmo suada, que me beije de manhã cedo sem pensar em bafo, que acaricie minha nuca e que, ao mesmo tempo em que me olha, diz com um só sorriso que sou importante, sim.
Mereço alguém que me encare quando eu estiver distraída, que sorria da minha cara de preocupada e de assustada, que me ligue pra narrar o seu dia, que encoste o ombro no meu peito enquanto faz frio e o filme passa. Alguém que não precise de mim apenas nos piores momentos, mas que precise de mim sempre. Alguém que não tenha vergonha, nem orgulho, que some e não suma, que fique e não desapareça, que me entorte a cara se eu disser bobagem mas que, ao menos, me permita dar um beijo como desculpas. Alguém que me faça sorrir sem se preocupar, nem se importar se meu cartão de crédito está no vermelho ou se vou ter que pagar duas cadeiras na faculdade. Alguém que me faça esquecer os problemas só em sorrir pra mim e que me deixe com aquela sensação ao voltar pra casa de que o meu dia está ótimo, mesmo quando esteja uma droga. Alguém que encontre nos piores momentos uma lição, e que nos melhores momentos encontre sempre um bom exemplo pra melhorar nossa relação. Não mereço alguém que não sabe o que quer, mereço alguém com certezas. Mereço alguém que seja sincero comigo e principalmente, que se entregue por inteiro, porque eu não estou aqui pra receber metade de ninguém.
Não mereço alguém de conversa mole, que enrole, com meias palavras e cheio de desculpas. Não mereço alguém que me dê mais perguntas do que certezas, que seja a causa e não a solução pros meus problemas. Mereço alguém que troque seu domingo de praia por um domingo em casa, que acorde tarde e que use os meus chinelos sem se importar se são dez vezes maiores que seu pé. Alguém que repare o tempo, mas que não tenha medo dele, que tenha mania de ler as noticias dos jornais (...). Alguém que largue as roupas pela casa, que estenda a toalha no varal meio bagunçada, que se sinta bem comigo e que (...) me procure. 
Alguém que chegue logo, que sempre adie a hora de ir, que fique pra agora e que vá só depois que a saudade se acalmar só um pouquinho. Alguém que não desista de mim e que me faça sentir que sou realmente importante e necessária". - Iandê Albuquerque

Obs.: Não fui eu que escrevi o texto, mas ele diz tudo o que eu gostaria de dizer, por isso o coloquei aqui e entre aspas...



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sábado, 7 de maio de 2016

#NaPaula, o Dia das Mães e o ser mãe...

Eu tenho três filhos, como você sabe: Filipe, prestes a fazer 14 anos, Fernanda e Eduarda, as gêmeas mais lindas da minha vida, com 2 anos e (quase) 3 meses. Ser mãe deles é assustadoramente fantástico e explico:

Filipe é aquele pré-adolescente típico, que acha que sabe tudo, acha que não precisa de ninguém, que acha que o mundo só começou a existir a partir do dia que ele nasceu ("mãe, na sua época tinha televisão?!?"). Vejo-o passar horas e horas agarrado ao celular, distraindo os olhos nas conversas de grupo do whatsapp ou em jogos de tiros (o-d-e-i-o) ou no ~feice~, vendo os mais diferentes vídeos, dos mais idiotas aos mais legais (acho bem pouco os "legais"). E sabe o que percebo? Eu também era assim! Não tinha internet, óbvio, então eu ficava "agarrada" ao rádio (3 em 1, meu bem, coisa de última geração!), esperando minha música preferida tocar pra eu poder gravar na fita cassete e ouvir no meu walkman que minha mãe havia encomendado à vizinha que trazia quinquilharias do Paraguai. Todo mundo teve, tá, não ri de mim, não!!! Na minha época, a gente tinha diário, escrevia o dia inteiro nele e trancava com cadeado. Eu também ficava deitada olhando pro nada. Pro nada. Eu era estranha! Hahahaha...

Quando descobri a gravidez das meninas (que até então achava ser um bebê só), fiquei desnorteada por várias razões. Uma delas é a mais boba: vou saber ser mãe de novo? "Como assim, NaPaula, você já era mãe, esqueceu?!?". Pois é, já era. Mas como seria ser mãe de novo depois de ter esquecido como era não dormir mais, se o choro era de fome, cólica, vontade de ficar no colo ou nada, só choro mesmo?!? Como era trocar fralda de novo, limpar "pepeca" (quem teve menino e, depois, menina, entende essa questão kkkkk), dar peito pra duas?!?

Pois é... Reaprendi muita coisa com Nanda e Duda, sabe. Muita mesmo. Redescobri minha força, aprendi a dormir apenas 40 minutos por noite e a dormir sentada, apesar de acordada. Lembrei de como era ter o peito rachado por conta da amamentação, e como a necessidade de alimentar a cria me fazia trincar os dentes e deixá-las felizes. A segunda gestação me fez menos estressada com muitas coisas e mais prática também. Não comprei aqueles conjuntos de berço pomposos, lindos e caros, porque já sabia que o pediatra mandaria tirar e que, no fundo, são apenas bonitos, mas juntam muita poeira. Que o banho podia ser quentinho no chuveiro e que não precisava ferver água, soprar, colocar termômetro depois dos 3 meses... Com Nanda e Duda, perdi noites de sono em dobro, tive sono ao quinteto durante o dia, mas ganhei em quantidades imensuráveis beijos, abraços e "mamãs".

O Dia das Mães é todo dia, a gente sabe, porque só quem é mãe entende a rotina pesada de uma mulher que precisa gerenciar vidas tão preciosas e das quais terá que dar conta um dia. Mas é muito bom ter um dia só nosso pra ter mimo à vontade (mimo = poder não fazer nada, porque, esse ano, não dei dinheiro pra comprar presente).

Talvez você não tenha filhos ainda e, por isso, ache chato alguns cuidados que sua mãe tenha com você. Talvez você deteste o jeito dela te proteger, não entenda o porquê dela falar sempre a mesma coisa e pensa que tudo é um blá-blá-blá desnecessário. Normal, eu também pensei assim até os meus 27 anos. Mas tudo mudou naquele dia 29 de junho de 2002, às 23h05, quando Filipe me foi entregue nos braços, depois de quase 12h de trabalho de parto. Nasceu com 51cm, pesando 3520kg. Um meninão! E assim que a enfermeira o colocou no meu colo, ainda todo sujinho, daquele jeito mesmo eu o beijei e o cheirei, e aquele registro entrou imediatamente no meu cérebro e o botão "mãe" foi ligado. Chorei copiosamente e entendi, naquele exato momento, o que minha mãe sentia quando brigava comigo, querendo que eu escolhesse o certo, fosse uma boa pessoa, não andasse com "fulana": amor. Um amor maior que nós mesmas, um amor inesgotável, um amor que jamais teremos por ninguém. E, baixinho, eu disse: mãe, agora eu te entendo! Me perdoe...

Eu tive a oportunidade de contar isso pra minha mãe depois. E ela ficou com os olhos cheios d'água. Mas você não precisa esperar ser mãe para, amanhã, dia dela, entendê-la um pouco mais. Não espere ser mãe para respeitá-la. Não espere ser mãe para parar de revirar os olhos e fazer careta enquanto ela fala pro seu bem o que ela pensa.

Nós, mães, não recebemos manual de instrução quando os filhos nascem. A gente erra, erra muito. Dá amor demais ou de menos, dá broca demais ou de menos, dá colo de menos ou demais, dá presente pra compensar ausência, dá poucas horas de atenção, porque trabalha muito... Mas a gente erra querendo acertar, você vai descobrir isso mais pra frente. Aproveite pra perdoar sua mãe também. Talvez a história de vida dela a tenha endurecido muito e ela não conseguiu ou não consegue ser como aquela mãe melosa da sua colega. Mas é sua mãe. Seja você uma mãe diferente quando tiver seus filhos.

E talvez você não tenha conseguido ser mãe de maneira natural. Talvez você tenha adotado ou preferido cuidar de um sobrinho como se fosse seu filho. E ele é! Nasceu no seu coração, não veio da barriga. Você não deu peito, mas o alimentou com o mesmo amor. Você não esperou por 9 meses, mas o espera chegar da escola com a mesma preocupação e felicidade. Você é mãe!

Talvez você não tenha mais o seu filho. A dor que ninguém quer sentir você sentiu. E eu só posso te abraçar virtualmente agora e dizer: você experimentou o maior amor de todos. Nunca deixará de ser mãe, mesmo não tendo o fruto do seu amor nos seus braços ou perto. Você é mãe!

Talvez você não tenha mais mãe. Talvez ela tenha partido quando você era pequeno. Talvez tenha sido recentemente. As mães sempre vão cedo demais, por mais idade que tenham. A gente sempre cabe no colo delas, né, sempre há beijos, mesmo sendo nós adultos. Tem carne cortadinha, tem a comida preferida, tem o amor... E você a amou e foi amada, e isso não tem tempo que leve...

Enfim...

Ser mãe é muito bom. Cansa, desanima, dá vontade de sair correndo, dá vontade de dar uns tapas, dá vontade de dar uns gritos... Mas é muito bom. Você gasta uma grana fenomenal, você faz conta, ajusta finança, mas é muito bom. Você não faz mais os passeios que faz, mas faz passeios novos. É bom. Você se vê "velha" diante de palavras novas ou de coisas que você fazia e que hoje é "mico". Mas é legal. Ter a casa cheia de coleguinhas do filho te chamando de tia é dose, mas é bom ver que eles gostam de você e falam "sua mãe é maneira". ("Maneira" ainda é algo legal, né?!?)

Enfim...

Ainda terei muitos Dia das Mães pra comemorar. As festinhas do Filipe acabaram, mas voltei a me emocionar vendo Nanda e Duda dançarem uma música que elas não fazem idéia do que a letra diz, mas que só o sorriso delas traduz tudo!

Amanhã, minha mãe vem almoçar comigo. Farei o almoço. Nada muito rebuscado, mas terá gratidão, abraço, uma mesa com alimento e um dia feliz. O mesmo dia que eu desejo que você tenha!

Feliz Dia das Mães!





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segunda-feira, 2 de maio de 2016

NaPaula, a surpresa e a surpresa...

Havia sido um dia daqueles, e ela não via a hora de ir para casa. Olhou novamente o relógio: 18h30. Todos já tinham ido... Desligou o computador, deu uma ajeitada na mesa, apagou as luzes, deu uma última olhada em tudo e fechou a porta.

De sua sala até a saída, ela pensou no trajeto pra casa, nas coisas que precisariam ser feitas, naquela blusa que tinha visto na loja, mas não comprou (puxa, o preço estava bom, né, acho que volto lá amanhã...), em um sapato novo, no mercado que precisa ir... Até que uma "visão" parou todos os seus pensamentos... Ali, à sua frente, um sorriso lindo a esperava com uma florzinha na mão. "Vamos dar uma volta?", ele perguntou. E ela respondeu retribuindo com seu melhor sorriso, segurou a sua mão e entrou no carro. Saíram meio que sem destino certo. O trânsito entendeu o clima e engarrafou, só para que o tempo pudesse demorar a passar. Enquanto ele dirigia, ela contava como tinha sido o seu dia. Ele prestava bastante atenção e admirava seu senso de humor ao contar coisas chatas do cotidiano. Ela também o observava dirigindo e, entre uma frase ou outra, passava a mão no seu cabelo e no rosto, aquele carinho que ela sabia que ele adorava.

Pararam em um barzinho à beira-mar. A noite fresca os convidava a olhar a vista do lado de fora. Escolheram uma mesa, pediram algo pra comer e ficaram bem juntinhos, como se agradecessem por terem um ao outro. Depois dos inúmeros carinhos, ela disse que havia amado a surpresa, que estava muito feliz por estar com ele ali e que ele poderia fazer isso mais vezes. Ela segurou o rosto dele com as duas mãos, o olhou fixamente e o beijou, aquele beijo de amor tão intenso que até as almas se tocam. E ele também a beijou, a acolheu nos seus braços e a envolveu, dizendo: você é muito especial pra mim... 

E só depois se deram conta do tempo que o tempo passou. 

"Preciso ir, você sabe", disse ela. "Tudo bem...", disse ele um tanto quanto inconformado...

Ele pagou a conta, ela pediu um doce. Entraram no carro, risos tão felizes... A mão no cabelo, a conversa solta... O trajeto pareceu mais curto pra eles... Pararam em frente à casa dela. A necessidade de ir era proporcional à vontade de ficar. Ele soltou o cinto, a abraçou novamente, deu-lhe outro beijo, encostou a testa dele na dela, se entreolharam... Ela fechou os olhos, o abraçou e lhe deu um beijo no rosto, e ali ficou... Segundos que não passavam... "Preciso ir...", ela disse. 

Um dia não haveria mais despedidas... Quando? Ela não sabia...

Ele saiu do carro, na tentativa de prolongar o instante. Ela abriu a bolsa, pegou a chave, ele a abraçou por trás e sentiu aquele cheiro de cabelo limpo que ele tanto gosta nela... A virou de frente pra ele, deu um outro abraço, só porque sabe que ela adora, e a beij...

- Moça! Moça!...

Ela abre os olhos sobressaltada! "Sim, oi, o que houve?!?"

- Chegamos...

Ela reconhece o portão, mas não há ninguém ali. Não há ninguém com a flor, não há sorrisos e nem abraços de amor... Paga a corrida, desce do táxi, abre a bolsa, pega a chave... Olha ao redor e entra. "Ah, NaPaula, um dia tudo se acerta", pensou.

Um dia.




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quarta-feira, 13 de abril de 2016

There's never a forever thing: NaPaula, uma música e uma constatação...

Quando eu tinha 14 anos, logo ali, em 1989, havia um grupo, de nome A-Ha, que fazia enorme sucesso. Músicas como Hunting high and low, uma balada chorooosa e linda, You are the one, Take on me, Cry wolf, Touchy! eram o-bri-ga-tó-ri-as em qualquer festinha e embalavam os nossos sonhos juvenis. Ah, se a gente soubesse que sentiria tanta saudade daquele período, garanto que não iríamos querer 'crescer' tão rápido. Enfim... Dentre tantas músicas maravilhosas da banda, coube a There's never a forever thing o papel de ser o fundo musical de uma paixão que duraria por longos anos, um amor que parecia ser eterno, mas, como uma profecia, o título já anunciava que nada duraria para sempre...

Dia desses, estava eu em um táxi, voltando do mercado. No rádio do carro, só 'flashbacks', daquelas músicas que, se você está mal e tem uma gilete perto, certamente, cortaria os pulsos (hahahahaha!). De repente, ouço um "scla", que, onomatopeicamente, é o barulho da abertura da música aqui em questão. Imediatamente, sou arremessada de volta a um passado tão tão distante, ao período da escola, daquele amor de adolescente... A música segue, trazendo lá do canto mais longe da memória lembranças que nem sabia mais ter: e com elas vêm o barulho do recreio do colégio, os anos distantes, o reencontro, o sim, o filho, os anos difíceis e superados, tudo como um filme, um filme que acabou naquele abril de 2013, quando tudo que parecia estável se desmanchava ali bem diante dos meus olhos.

Ao final da música, as lembranças ruins desses 1096 dias tentaram vir no embalo, a galope, e não foram poucas, posso garantir. Mas elas se esqueceram de que a blindagem aqui agora é forte. Sim, houve um tempo em que eu só tinha essas lembranças ao meu lado: me acordavam, andavam comigo, trabalhavam ao meu lado, nem em sonho me deixavam. Essas lembranças ruins riam de mim, me cercavam pelos cantos, debochavam das tentativas de me reerguer, zombavam dizendo que eu não iria conseguir. Eu cheguei a acreditar nelas, cheguei a pensar que eu ficaria soterrada viva pra sempre dentro daquele lugar escuro em que eu me encontrava.

Passar por uma separação e, posteriormente, por um divórcio é muito ruim e doloroso: ninguém se casa pensando em se separar ou achando que não vai dar certo. A gente diz que é pra sempre, acredita nisso, sonha em ficar velhinha ao lado da pessoa e que será "até que a morte nos separe". Esse é o sonho, mas, infelizmente, não é realidade sempre. "Nossa, NaPaula, que bad! 'Cê tá muito pessimista, credo!", podem pensar alguns... Não, não vejo como pessimismo, apenas constatação: quando ambos estão focados, jogam juntos, firmam as mãos e não olham nem para a direita e nem para a esquerda, eu acho que é pra valer, que pode dar certo, sim! Mas, no meio do caminho, se acontecer de um dos atores abandonar a cena, soltar a mão ou quiser colocar mais participantes na peça, aí, pra mim, não tem jeito: "o fim é o final".

Se você também está vivendo uma situação semelhante, saiba de uma coisa: tudo passa. Parece clichê, é difícil acreditar, mas é de uma simplicidade absurda. O tempo ajuda a amenizar todos os males, mas não cura nada. O que dá resultado é você mudar o foco e sair da zona da dor. O que vai fazer você sair do lugar em que está é a decisão de não ficar nele. Não há mágica, não há fórmula pronta, não há conselhos: há você decidindo seguir em frente. Viva seu luto, chore, rasgue (ou não) as fotos, mude seu estilo de vida, volte a fazer coisas bacanas que não fazia, estude, dance, cante, invista em VOCÊ. Se você acha que vale a pena lutar pelo relacionamento, que vale a pena reconstruir, coloque sua armadura e parta para a batalha. Mas, se a pessoa decidiu ir, se ela dá pistas e sinais claros de que quer seguir sem você, não vá atrás. Há tipos que são como aquele cachorro vira-latas que você, por pena e apego, pega na rua e leva para sua casa. Você cuida, investe tempo, gasta recursos, trata bem, dá a melhor ração, mas a natureza dele é "vagabunda": na primeira oportunidade, vai fuçar o lixo.

Invista em você, cuide de você, porque, no final, você é que vale muito, e não há melhor 'vingança' do que ficar bem. Por falar nisso, passado um pouco de tempo, contrariando aquelas lembranças ruins, o fantasma da depressão e os agoureiros da vida alheia, eis que surge #NaPaula, linda, magra, bem resolvida e feliz, pisando firme o chão que um dia a viu cair. NaPaula não chora mais (só vendo filme); ela não perde tempo lembrando do passado e nem de quem fez parte dele (só tem espaço na memória para os atuais momentos felizes); ela voltou a sorrir de verdade (olha elaaaaaaa, está sem aparelho) e até acredita, sim, que o amor pode ser para sempre, nem que seja o amor próprio.

E que venha Boás!



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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

NaPaula, os 4.1 e tudo o mais...

Depois de 29 de junho e 17 de fevereiro, quando seus filhos nasceram, a data que ela mais ama é o dia de hoje: 25/2.
Há exatos 41 anos, nascia um bebê do sexo feminino, pesando pouco mais de 3500kg e com 40 e poucos centímetros. Na certidão, está escrito que ela é da cor parda, mas a julgar pelo sorriso que ela tem hoje, ela é multicor, multicolorida, multipele.
Não foi fácil chegar até aqui, alguns sabem da história: quase abortada, quase abandonada, quase. Quase que ela chora ao escrever tudo isso. Quase que ela pensa que não é bom lembrar de coisas ruins em um dia tão alegre. Quase.
Mas ela chora (essa imagem de fortaleza, às vezes, é truque!), mas não é de tristeza: é de gratidão. As lágrimas que descem enquanto ela digita a fazem recordar os lugares secos que atravessou: não foram poucos, mas foram necessários. Foram eles que forjaram o que ela é hoje: valente, determinada, forte, orgulhosa e feliz.
NaPaula não sabe o que a espera hoje, nem amanhã. Mas ela tem a certeza de que, seja o que for, quem a guarda não dorme, e Ele já preparou um caminho de paz e felicidade do jeito que ela sempre sonhou, quis e merece.
E lá foi ela viver esse dia que é só seu e de mais ninguém.
Boa sorte, NaPaula! A gente torce por você! Feliz 41! Rumo aos 120!

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NaPaula, sua chance e o porquê dela amar aniversário...

Junho de 1974. Grávida de quatro meses, uma jovem de 24 anos, desamparada pelo companheiro e pressionada pela família, é levada a uma clínica de abortos, em Botafogo, na zona sul carioca. No local, várias grávidas. Ela é apenas mais uma... À sua frente, uma mulher se levanta e entra na sala macabra, aparentando ter uns seis meses de gestação... 

A jovem espera a sua vez. Na cabeça, ecoam doloridas palavras: "Tira mesmo, essa criança vai ser um estorvo na sua vida! Você é tão nova..."

Quase uma hora depois, a mulher que entrara na sala sai... de barriga vazia! A cena chocante assusta tanto a jovem que ela sente, pela primeira vez, seu bebê mexer, mas já era a sua vez de entrar. Ela passa a mão na barriga, respira fundo, levanta-se e caminha em direção à saída: havia decidido pela vida!

A gravidez não é fácil, nada pra ela foi. Mãe solteira, passou por inúmeras dificuldades: ninguém aceitava uma menina com filho, principalmente nas vagas onde ela procurava para morar. Diante da necessidade de trabalhar para sustentar a si e ao bebê, ela deixa a criança em um orfanato. Foi uma decisão difícil. Seu coração de mãe sangrava sempre que a noite caía. Tantos problemas, tanta luta. Poderia ter abandonado a criança lá, como muitas mães da instituição fizeram. Mas, assim que ela pôde, voltou para buscá-la. Foi o melhor (re)encontro da vida de ambas.

O tempo passou, as dificuldades continuaram, mas mãe e filha, agora, estavam juntas.

A criança cresceu. Virou adulta, venceu! A criança... sou eu! Por isso, todo dia 25 de fevereiro, comemoro meu aniversário com a intensidade que ele merece: com muita alegria, com muita festa, com muito sorriso e, principalmente, com muita gratidão à minha mãe e a Deus. Não queriam que eu estivesse aqui, mas eu estou! 

#NaPaulaFaz41 

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

#NaPaula, a curiosidade e o "esse não"...

Sentada, computador à frente, tarde da noite, ela já deveria estar dormindo, né, mas não: tá de bobeira e resolve entrar no "aplicativo". Roda, roda, roda, atualizando, pah, entrou! No fundo, sabe que ali não tem "futuro", mas a curiosidade é uma desgraça...
Vamos aos perfis (35 a 45, né, pra não ir ao berçário e nem cair em centros geriátricos - perdoe se você não se "encaixa" em uma delas, ok?)... Bem... Hum... É... Olha, olha, olha:
Esse não: o rosto está muito "grande" na foto (gente, dá uma distância!). Esse não: cheio de gente na foto, não dá nem pra saber quem é a pessoa. Esse não: está de óculos escuros (por favor, é preciso avaliar o conjunto!). Esse não: sei lá, não curtiu. Esse não: hahahaha dizendo que é um típico representante do signo X. Gente, ainda tem que leia isso e não tenha vergonha de dizer publicamente? Esse não: quer ter filhos! (cota populacional já cumprida). Esse não: foto de sunga?!? E esse sinal de "hang loose" dos anos 80?!? Bleeergh! Esse não: mostrando mais os bíceps sarados do que outra coisa, provavelmente o cérebro não acompanha esse "crescimento". Esse não mesmo: escreveu "concerteza" hahahahaha Com certeza, ela passa longe! Esse não: "comprometido". Nem merece explicação. Esse não: hum, é conhecido (pra falar com conhecido ela chama no Facebook!)
Esse não: tirou foto com uma parede de tijolo mal acabada atrás... Esse não: foto com língua de fora? Deve ser derrame... Esse não: foto com copo na mão, lata na mão, 'doidão' na night... não merece dois segundos dos meus olhos...
Esse não: pera, pera, pera... parece interessante... hum, escreveu direitinho; hum, fotos normais; hum, trabalha, né, é o mínimo; ah, gosta de praia, de passear, de criança! Não quer ter filhos (já tem, ufa!). Já foi casado... Bem... Coração! Vai que, né? De repente, ela nem passou na lista dele, ou ele tenha visto e não gostado e... It's a match!!! E agora, manda mensagem? Espera receber? Dá boa noite? Deseja uma boa semana? Fica olhando pro celular... Olha as fotos de novo... Own, que fofo, bem que ele é bonitinho,né? (E já pensa nos dois passeando na Lagoa - gente, sempre a Lagoa, que coisa!). Já pensa em como vai apresentar pra família (mas nem se falaram, como assim "família"?). Cinema, restaurante, shopping, onde vão se ver? (volta pra terra, criatura, ele pode ter uma voz horrível, pode ser baixinho (tá, não parece), pode ter um péssimo gosto musical, pode ser isso, pode ser aquilo... e, de repente, pode ser que nada aconteça).

É... E, mais uma vez, ela pegou um filhote de expectativa, colocou naquela casinha que estava desocupada e decidiu criar. Mais uma vez?!? É, ela não aprende... Ou sim? Só os próximos capítulos dirão...

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

NaPaula, a máquina do tempo e Nanda e Duda...

A ciência pode até negar, mas nós, mães, inventamos a máquina do tempo há anos, e ela se chama "aniversário do filho".

Quer testar? Pergunte àquela que lhe deu à luz como foi o dia em que você nasceu. Ela vai parar o que estiver fazendo, vai olhar pro bebê dela novamente, lhe dará um sorriso lindo e contará, com riqueza de detalhes, tudo que aconteceu naquele dia - e até na véspera!

Ela vai dizer a você como ela estava vestida, o que comia quando as dores começaram, como foi chegar ao hospital (se é que você esperou até lá!), o medo da anestesia ou a dor lancinante do parto normal. E, com os olhos cheios d'água, ela vai se lembrar do seu chorinho e daquele mágico momento em que ela te viu pela primeira vez e já decorou todos os seus traços, inclusive seu cheiro único e especial.Pode ser que haja detalhes mais dolorosos, pode ser que ela não estivesse tão feliz, pode ser. Mas, no exato momento em que você foi posto em seus braços, tudo, absolutamente tudo, se tornou infinitamente relativo: só você, aquele serzinho tão indefeso e que exigiria cuidados extremos, importava. Talvez ela tenha chorado. Provavelmente, agradeceu a Deus, apenas balbuciando, por você ter vindo.

E é exatamente assim que me sinto hoje, quando Nanda e Duda completam 2 anos. Dois anos, gente, como passou rápido. Ainda consigo me ver acordando às 6h40 daquela segunda abafada. Estava muito cansada e inchada, muito mesmo. Eu já andava com dificuldades e sabia que poderia ser a qualquer momento, mesmo o parto estando marcado para a sexta, 21, 19h. Eu desci as escadas da minha casa devagar, minha mãe havia feito cuscuz amarelo e café, e, apesar da fome, senti um enjôo muito forte.

Me sentei à mesa, tomei o café e, ao me levantar, senti um tsunami descer pelas minhas pernas. Por um segundo cogitei o que toda grávida pensaria: fiz xixi! Mas algo lá dentro já sabia: não era. Havia chegado a hora.

Dei um sorriso e falei para o pai das crianças à minha frente: "avisa que você não vai trabalhar, pois a bolsa estourou!". Minha mãe, na pia, quase quebrou o copo (kkkkkk). Eu estava calma como nunca, o que é um relato bem recorrente entre as grávidas rs, e subi para me arrumar. Liguei pra médica, pras meninas do trabalho, corri pra postar a notícia no Instagram (obrigada, internet!) e liguei para a minha amiga-chefe. O pai não sabia para quem ligava primeiro: trabalho, mãe, corpo de bombeiros, exército... Eu já havia deixado tudo pronto. Tomei meu banho, pedi a Deus que corresse tudo bem, que desse tempo de chegar, aquelas coisas. Fiz as unhas do pé e da mão antes de ir (passei só a base, calma!), passei na casa da outra vovó, que também já estava aflitíssima, e partimos rumo à maternidade na Tijuca. Eu nada sentia: nenhuma dor, nenhuma pontada, nada. Só não entrei andando na maternidade porque as pernas doíam muito e eu morria de medo de que uma das meninas caísse de mim (olha as idéias!).

Exames feitos ("a bolsa está rota mesmo, vão nascer", disse a médica), era hora de esperar a obstetra. E, às 11h, aquela dor que eu já conhecia deu seus primeiros sinais: Fernanda, que havia rompido a bolsa, se encaixara pra nascer, só que Duda estava sentada! Às 13h, quando minha médica chegou, decidiu-se pela cesárea, já que não havia como garantir que minha 02 virasse para nascer. Mas tinha um problema: como o parto não estava programado, foi de "emergência", a equipe da dra Rosa não estaria disponível antes das 19h. Bateu o desespero: a dor só aumentava e se tornava quase insuportável. 

Mas Deus foi bom, como sempre é, e tudo deu certo: às 16h11, pesando 2.590kg de muita gostosura, Fernanda chegou. Aquele chorinho lindo me fez chorar também, mas, nessa hora, era de alegria. Às 16h14, pesando 2.450kg de fofurice, minha pequena Eduarda vinha para os meus braços. A partir daí, os sons ficaram confusos, a sonolência foi inevitável e eu só acordei no quarto, lá pelas 20h.

Minutos depois de nascerem, Nanda (à esquerda) e Duda bem pertinho de mim. 

Primeiras horas no hospital. Tão pequenas, tão lindas, tão amadas!

E se passaram dois anos disso tudo... Dois anos! A Terra deu duas voltas em volta dela mesma, pensa!

Os primeiros dias em casa foram tensos. Os primeiros meses também. Cuidei delas sozinha logo após a separação. Muitas vezes, tinha que escolher quem iria mamar e quem iria chorar, pois não havia ajuda na madrugada. Mas tudo passa, e vencemos juntas essa pequena jornada de 730 dias.
Minhas gatinhas com uma semana de vida! 

Quando descobri que estava grávida, e de gêmeas!, perguntei: "Por quê, Deus, por quê? Passei um ano tentando e nada, e agora, que não era hora de jeito nenhum, no pior momento da minha vida, isso acontece?!? O Senhor errou". Não veio resposta, não naquela hora. A resposta veio quando, cansada, extenuada, querendo sumir, elas me sorriam, e toda a força voltava novamente. A resposta veio quando, me sentindo tão só para uma missão tão grande, elas me estendiam os braços e diziam: "mamã, mamã". A resposta tem vindo todos os dias, quando me levanto a cada manhã e olho aqueles dois berços no quarto ao lado. E hoje, apesar de todas as dificuldades, ao olhar para elas, dou um pequeno sorriso, respiro fundo, olho pro céu e digo a Deus: Obrigada, o Senhor estava certo, eu precisava delas!


Nanda, Lipe e Duda: meus amores para a vida toda! 

Duda e Nanda na casa da vovó Leo: charme para os flashes!
Puxamos a mamãe: amamos praia!

Parabéns, meus amores, mamãe ama vocês para sempre... #NandaEDuda

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