O coração, a razão e a hora de ir...
A dor é
indescritível. Ela percorre cada parte do meu corpo e parece doer ainda mais
ali, naquele músculo que fica bem no meio do meu peito. Coração. A culpa é
sempre dele. Meu cérebro bem que avisou, o sexto sentido deu vários sinais, mas
o coração, olha, ô bichinho fraco. A culpa também é sua! Claro que é! Culpa
desse sorriso lindo, desses olhos que cativam, dessa mão que afaga, dessa voz
que inebria...
Ao som (e lágrimas) de Corazón partío, Alejandro Sanz...
Por falar em inebriar, estou tonta. Não, não bebi... Apenas
te vi com outra pessoa... A gente sabia que isso iria acontecer cedo ou tarde.
Bem que eu queria que fosse tarde, ainda tinha esperanças de que nos veríamos
mais uma vez, e outra, e outra, até que deixaríamos de ser encontros
esporádicos para nos tornarmos eu-e-você, com direito a declaração de amor
em nossas redes sociais e fotos com cara de casal feliz.
Mas isso não vai acontecer... Aí está você, em uma mesa
próxima a mim e nem me viu. Penso em fingir que vou ao banheiro, só para
esbarrar na sua cadeira. "Deixa de ser idiota", diz meu cérebro.
"Aja como adulta e supere isso, afinal, vocês não tinham nada sério".
A pontada aumenta. Coração reage. "Se eu fosse você, iria mesmo, só pra
ele ver que você não está em casa, de blusa de malha e meias, assistindo uma
série qualquer, como ele supõe. Humpf".
Fico a lembrar dos momentos que tivemos: do brigadeiro de
panela, naquele dia com chuva; dos passeios de bicicleta no seu bairro; dos
banhos de mar e dos beijos salgados. Da sua teimosia, do seu cafuné, do seu
beijo bom. Ah, do seu perfume, que vira e mexe vem se esconder no meu olfato.
Do seu tato, do nosso contato, dos sons que até o nosso silêncio era capaz de
ouvir... Por um segundo, abaixo a cabeça e entendo que o plano era
sermos ou estarmos felizes. Você estava, e era isso que importava. Eu deveria
ser ou serei.
Respiro fundo e prefiro ouvir meu cérebro, o mais sensato de
nós. "Me desculpa, coração, mas é hora de ir. Há meias e uma camisa de malha cinza nos esperando. Te dou um chocolate, pode deixar".
E seguimos nós, cérebro, coração e eu, sabendo que chega uma
hora em que é preciso ser feliz sem ter alguém que já é feliz sem a gente.
Marcadores: amor, casal, cérebro, coração, dor, fim, NaPaula, paixão, perfume, razão, saudade
5 Comentários:
O tema discorre e define perfeitamente o texto. Detalhe, a realidade em muitos casos e por fim seguir, a hora de ir. Muito bom Na Paula!!!! Parabéns
Obrigada por comentar, meu querido! Volte sempre :)
Cabe um abraço depois da leitura?
Muito bom... parabéns, sou sua fã.
Obrigada pela sua visita... Sua opinião é muito importante ❤
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