NaPaula, o supermercado e a vida...
Não é novidade que minha infância
foi “apertada”. Os dois empregos que minha mãe tinha não garantiam,
necessariamente, geladeira e armários cheios sempre. Então, quando ela dizia que era
dia de ir ao mercado, nossa, que festa! Amava entrar no carrinho e passear por
todas as sessões. Meus olhos de criança adoravam aquele colorido todo,
principalmente o da área de biscoitos e danones. Minha mãe sempre levava alguma
coisa, para meu delírio alimentar: biscoito goiabinha e Danoninho, além
de Yakult, claro, mas esse minha mãe comprava na porta, naquelas kombis antigas
que passavam na rua vendendo aquela maravilha (detalhe: minha mãe comprava 30,
que era quase coisa de rico, né, pra época. Eu e minha irmã, às vezes,
dividíamos, pra poder durar mais hahahaha Mas sempre acabava antes do final do
mês, pra nossa tristeza).
Cresci, e ao contrário de muitas pessoas
que conheço, continuo gostando de ir ao supermercado. Sou dessas de fazer lista
(não sei pra que, porque nem sempre me obedeço!), que andam por todos os corredores,
analisam produtos, leem tudo. É um passeio bem divertido pra mim (com exceção da hora de
pagar rs).
E, quando eu me separei, um dos
meus pensamentos foi: "e agora, como eu vou fazer compras sozinha?!?" Sim, porque
durante mais de 10 anos, eu tive um companheiro de aventuras
supermercadísticas. Pensei: "ferrou, como vou comprar, arrumar na esteira,
empacotar, pagar..." Até que chegou o dia de ir ao mercado, o meu teste de “vamos lá,
Paula, você é uma mulher ou um rato?” Foi estranho andar sozinha. Foi estranho
não ter com quem comentar sobre a diferença de gramas nas embalagens. Foi
estranho. Pior ainda quando me vi indo para o caixa. Fingi naturalidade, apesar
de ver que algumas pessoas me olhavam (“nossa, com isso tudo e vai passar
sozinha?!” Ok, talvez tenha sido algo da minha cabeça). Bem... Ali era eu, a
esteira, a menina do caixa e as sacolas. Quase uma competição de quem passa e
guarda mais rápido. Coração na boca. Passo tudo que é de limpeza primeiro.
Depois, coisas de armário. Por último, geladeira. Corria de um lado para o
outro (sacolas contra Paula. Paula contra esteira. Menina do caixa contra
Paula), mas, no final, deu tudo certo. Dei uma leve risada interna e pensei: "ah, menina, viu? Deu nervoso no início, mas tirou de letra, quase uma
profissional!!" E fui eu pegar meu táxi, desfilando com meu carrinho devidamente
arrumado.
E por que diabos eu estou contando isso?!? Simples: porque, muitas vezes, nos atemos e nos preocupamos com algo que, num primeiro olhar, parece absurdamente terrível pra nós, mas, de verdade, não é nada. Projetamos nossos problemas para patamares que eles não precisam e nem merecem estar. Superestimamos circunstâncias, nos desesperamos com coisas pequenas. Claro que na hora a gente não percebe. Não foi culpa minha e nem é culpa sua. Mas quando você conseguir passar pelo caminho que dá medo e vir que chegou ao outro lado, uau, vai sentir um alívio e pensar: gente, era isso?!?
Então, vá aqui pela #NaPaula: não
se prenda aos problemas “fazer compras sozinha”. Ok, o seu problema parece
grande. E deve ser agora. Mas vai deixar de ser (se já não deixou...). E,
quando você estiver com o “carrinho” nas mãos, com tudo sob controle, segura e
feliz por ter conseguido, respire fundo, pisque o olho e diga: “é, não era tão
difícil assim. Estou melhor e mais forte para o que vier”. E siga, linda e
poderosa, pelo mercado da vida.
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