segunda-feira, 10 de abril de 2017

O coração, a razão e a hora de ir...

A dor é indescritível. Ela percorre cada parte do meu corpo e parece doer ainda mais ali, naquele músculo que fica bem no meio do meu peito. Coração. A culpa é sempre dele. Meu cérebro bem que avisou, o sexto sentido deu vários sinais, mas o coração, olha, ô bichinho fraco. A culpa também é sua! Claro que é! Culpa desse sorriso lindo, desses olhos que cativam, dessa mão que afaga, dessa voz que inebria... 

Por falar em inebriar, estou tonta. Não, não bebi... Apenas te vi com outra pessoa... A gente sabia que isso iria acontecer cedo ou tarde. Bem que eu queria que fosse tarde, ainda tinha esperanças de que nos veríamos mais uma vez, e outra, e outra, até que deixaríamos de ser encontros esporádicos para nos tornarmos eu-e-você, com direito a declaração de amor em nossas redes sociais e fotos com cara de casal feliz.

Mas isso não vai acontecer... Aí está você, em uma mesa próxima a mim e nem me viu. Penso em fingir que vou ao banheiro, só para esbarrar na sua cadeira. "Deixa de ser idiota", diz meu cérebro. "Aja como adulta e supere isso, afinal, vocês não tinham nada sério". A pontada aumenta. Coração reage. "Se eu fosse você, iria mesmo, só pra ele ver que você não está em casa, de blusa de malha e meias, assistindo uma série qualquer, como ele supõe. Humpf". 

Fico a lembrar dos momentos que tivemos: do brigadeiro de panela, naquele dia com chuva; dos passeios de bicicleta no seu bairro; dos banhos de mar e dos beijos salgados. Da sua teimosia, do seu cafuné, do seu beijo bom. Ah, do seu perfume, que vira e mexe vem se esconder no meu olfato. Do seu tato, do nosso contato, dos sons que até o nosso silêncio era capaz de ouvir... Por um segundo, abaixo a cabeça e entendo que o plano era sermos ou estarmos felizes. Você estava, e era isso que importava. Eu deveria ser ou serei. 

Respiro fundo e prefiro ouvir meu cérebro, o mais sensato de nós. "Me desculpa, coração, mas é hora de ir. Há meias e uma camisa de malha cinza nos esperando. Te dou um chocolate, pode deixar".
E seguimos nós, cérebro, coração e eu, sabendo que chega uma hora em que é preciso ser feliz sem ter alguém que já é feliz sem a gente.

Ao som (e lágrimas) de Corazón partío, Alejandro Sanz...




Marcadores: , , , , , , , , , ,