quarta-feira, 13 de abril de 2016

There's never a forever thing: NaPaula, uma música e uma constatação...

Quando eu tinha 14 anos, logo ali, em 1989, havia um grupo, de nome A-Ha, que fazia enorme sucesso. Músicas como Hunting high and low, uma balada chorooosa e linda, You are the one, Take on me, Cry wolf, Touchy! eram o-bri-ga-tó-ri-as em qualquer festinha e embalavam os nossos sonhos juvenis. Ah, se a gente soubesse que sentiria tanta saudade daquele período, garanto que não iríamos querer 'crescer' tão rápido. Enfim... Dentre tantas músicas maravilhosas da banda, coube a There's never a forever thing o papel de ser o fundo musical de uma paixão que duraria por longos anos, um amor que parecia ser eterno, mas, como uma profecia, o título já anunciava que nada duraria para sempre...

Dia desses, estava eu em um táxi, voltando do mercado. No rádio do carro, só 'flashbacks', daquelas músicas que, se você está mal e tem uma gilete perto, certamente, cortaria os pulsos (hahahahaha!). De repente, ouço um "scla", que, onomatopeicamente, é o barulho da abertura da música aqui em questão. Imediatamente, sou arremessada de volta a um passado tão tão distante, ao período da escola, daquele amor de adolescente... A música segue, trazendo lá do canto mais longe da memória lembranças que nem sabia mais ter: e com elas vêm o barulho do recreio do colégio, os anos distantes, o reencontro, o sim, o filho, os anos difíceis e superados, tudo como um filme, um filme que acabou naquele abril de 2013, quando tudo que parecia estável se desmanchava ali bem diante dos meus olhos.

Ao final da música, as lembranças ruins desses 1096 dias tentaram vir no embalo, a galope, e não foram poucas, posso garantir. Mas elas se esqueceram de que a blindagem aqui agora é forte. Sim, houve um tempo em que eu só tinha essas lembranças ao meu lado: me acordavam, andavam comigo, trabalhavam ao meu lado, nem em sonho me deixavam. Essas lembranças ruins riam de mim, me cercavam pelos cantos, debochavam das tentativas de me reerguer, zombavam dizendo que eu não iria conseguir. Eu cheguei a acreditar nelas, cheguei a pensar que eu ficaria soterrada viva pra sempre dentro daquele lugar escuro em que eu me encontrava.

Passar por uma separação e, posteriormente, por um divórcio é muito ruim e doloroso: ninguém se casa pensando em se separar ou achando que não vai dar certo. A gente diz que é pra sempre, acredita nisso, sonha em ficar velhinha ao lado da pessoa e que será "até que a morte nos separe". Esse é o sonho, mas, infelizmente, não é realidade sempre. "Nossa, NaPaula, que bad! 'Cê tá muito pessimista, credo!", podem pensar alguns... Não, não vejo como pessimismo, apenas constatação: quando ambos estão focados, jogam juntos, firmam as mãos e não olham nem para a direita e nem para a esquerda, eu acho que é pra valer, que pode dar certo, sim! Mas, no meio do caminho, se acontecer de um dos atores abandonar a cena, soltar a mão ou quiser colocar mais participantes na peça, aí, pra mim, não tem jeito: "o fim é o final".

Se você também está vivendo uma situação semelhante, saiba de uma coisa: tudo passa. Parece clichê, é difícil acreditar, mas é de uma simplicidade absurda. O tempo ajuda a amenizar todos os males, mas não cura nada. O que dá resultado é você mudar o foco e sair da zona da dor. O que vai fazer você sair do lugar em que está é a decisão de não ficar nele. Não há mágica, não há fórmula pronta, não há conselhos: há você decidindo seguir em frente. Viva seu luto, chore, rasgue (ou não) as fotos, mude seu estilo de vida, volte a fazer coisas bacanas que não fazia, estude, dance, cante, invista em VOCÊ. Se você acha que vale a pena lutar pelo relacionamento, que vale a pena reconstruir, coloque sua armadura e parta para a batalha. Mas, se a pessoa decidiu ir, se ela dá pistas e sinais claros de que quer seguir sem você, não vá atrás. Há tipos que são como aquele cachorro vira-latas que você, por pena e apego, pega na rua e leva para sua casa. Você cuida, investe tempo, gasta recursos, trata bem, dá a melhor ração, mas a natureza dele é "vagabunda": na primeira oportunidade, vai fuçar o lixo.

Invista em você, cuide de você, porque, no final, você é que vale muito, e não há melhor 'vingança' do que ficar bem. Por falar nisso, passado um pouco de tempo, contrariando aquelas lembranças ruins, o fantasma da depressão e os agoureiros da vida alheia, eis que surge #NaPaula, linda, magra, bem resolvida e feliz, pisando firme o chão que um dia a viu cair. NaPaula não chora mais (só vendo filme); ela não perde tempo lembrando do passado e nem de quem fez parte dele (só tem espaço na memória para os atuais momentos felizes); ela voltou a sorrir de verdade (olha elaaaaaaa, está sem aparelho) e até acredita, sim, que o amor pode ser para sempre, nem que seja o amor próprio.

E que venha Boás!



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