sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NaPaula, sua rotina e algo mais...

Dormir depois de meia-noite, acordar às 6h. Na verdade, abrir os olhos e não acreditar que já está na hora de acordar. Levantar e chamar o filho mais velho, ir ao quarto das gêmeas dar aquela olhada babona, pegar a bolsa delas e colocar o que falta. Separar a roupa que elas vão e chamar mais uma vez o filho mais velho, que continua dormindo...

Descer, abrir as janelas, as cortinas, ligar a TV (e o Fachel grita: "olha a hoooora!"), pegar as mamadeiras e colocar no microondas com água pra esquentar: 1min na potência máxima. Subir, ir ao quarto, pegar as fraldas, lenço umedecido e pomada. Aí esquece as roupas, volta, dá um berro no filho, que agora acorda! Dar bom dia para as gêmeas, beijar o pé, ouvir reclamação, choro, resmungo (ninguém quer acordar). Duda acorda, ri, estica os braços, fala "mamamamama"... Trocar fralda, roupa, dar beijo e descer com a 02. Colocar na cadeirinha, prender, subir correndo pra arrumar a outra bebê. Dar outro berro no filho, que está tomando banho há duas horas! Beijar bebê, beijar pé, trocar fralda, trocar roupa e descer com a 01. Dar outro berro no filho: "desce, menino, assim não vai dar tempo pra você tomar café!". Ela bufa. "Todo dia é isso", pensa...

Bebês assistindo jornal (amam!), mamãe pega mamadeira, leite, vitamina, fruta, joga tudo no liqüidificador, bate, olha a hora ("meu Deus, já são quase 7h!"), dá outro berro no filho, que desce alucinado, atrasado, como todo dia! Pede dinheiro pro lanche, pede beijo, ganha e leva de brinde um "vai com Deus, meu filho, se comporta!".

Ela volta pras gêmeas: mamadeira pronta, vai pra sala, pega a bebê que fugiu, coloca na cadeirinha de novo, dá a mamadeira, corre lá em cima de novo, pega a bolsa das crianças, pega o celular, desce. Coloca biscoito e danoninho na bolsa, escreve na agenda, olha a hora (nossa, 7h25!), faz cara de espanto, corre na sala, pega a mamadeira, acaba o "Bom dia, Rio", coloca no Discovery (George, o curioso). Elas riem, querem pegar a TV. O carro buzina lá fora, ela corre pra pegar a bebê que fugiu (sempre a 01), coloca na cadeirinha, trava, abre a porta, fecha, leva a bebê, abre portão, entrega pra "tia". Aí ela volta correndo pra pegar a outra, sente um cheiro estranho: "isso é hora de fazer cocô, Duda!?!" Desculpe, tia da creche, vai ter surpresa quando vc a pegar! Corre, pega a bolsa, coloca bebê na cadeirinha, trava, leva correndo pro carro. Entrega. Dá beijo, diz que ama, ganha beijo de volta. Dá tchau e fica corujando o carro ir embora. Ela ora: "Deus, leve-as na Tua segurança". O carro some. Entra correndo, vai catando os brinquedos mais "largados", junta pra perto do sofá, coloca no Bom dia, Brasil. Ah, Rodrigo Bocardi, bom dia 😍😍😍... Quinze minutos de folga... Olha o celular, posta foto, atualiza info, pensa em que roupa vai, olha pro jornal, fica indignada com a notícia, lembra da hora, desliga a TV, sobe correndo, pega as fraldas que trocou das meninas e joga no lixo. Dá uma ajeitada no quarto das bebês, pega roupa e coloca no cesto. Olha pro quarto do filho e tem vontade de chorar. Pro banheiro dele, idem.

Ela volta pro seu quarto, dá um jeitinho, lembra que precisava colocar roupa na máquina... E o relógio não perdoa: já são 8h15! Corre pro terraço, coloca roupa na máquina, brinca com o cachorro, coloca água, comida, faz carinho, pergunta como foi a noite, cata o cocô, dá um beijo no cachorro, fala pra ele ficar bem, dá tchau e desce correndo, como sempre...

Arruma a roupa, arruma a bolsa, vai pro banho, coloca na JB FM, canta uma música antiga, se sente cantora, faz caras e bocas. Pensa na vida. Chuveiro é sempre bom pra isso. "E, agora, 8h35". Coooorre, #napaula, vai se atrasar! Enxuga, passa hidratante, coloca a roupa, escova dente, coloca borrachinha no aparelho, arruma o cabelo, dá uma última olhada e sai correndo.

Trânsito, trânsito, trânsito. Atualiza as redes sociais, trânsito. Chega ao trabalho, passa o crachá, sobe as escadas, chega à sala, dá bom dia, liga computador e começa a trabalhar. Atende telefone, resolve questões de um projeto do ano que vem, responde email, email, email, email, email, email... Toma um café, conversa com a equipe, abre email, email, email, atende telefone, telefone, telefone, prepara projeto, ouve repertório: 1, 2, 5, 23, 50 músicas... O ouvido dói... Hora do almoço! Come pouco, vai à rua, calor de matar, volta. O tempo voa. Nossa, já são 15h?!? Volta a ouvir repertório. Cobra orçamento, tira dúvida. Internet cai. E agora? Dá uma volta. Cabeça explodindo de enxaqueca. Fica calada, ninguém tem culpa dela não estar bem. Hora de escolher foto. Difícil. Hora de escolher capa. Idem. Muita dor. Toma mais dois comprimidos. Já são 17h, quase finalizada a audição. Ops, ainda tem 50 emails!  Pepino e abacaxi: "tinha que ser nessa hora?!?" Avisa ao filho que vai ao mercado. Mentalmente, faz uma lista. E a dor não passa. 18h15... Hora de pensar em ir embora. Arruma a mesa, checa email, pega celular, carregador, vê se falta alguma coisa. A equipe vai saindo. "Tchau, bom descanso, bom feriado". E ela pensa: "com dois bebês? Hahahaha, sabem de nada, inocentes". Ela agradece, deseja o mesmo.

Hora de ir. Entra no carro. Hoje ela vai com a chefe, um privilégio! Conversa de trabalho, de família, de coisas boas, de lembranças, de tanta coisa... A dor começa a dar sinais de que vai ceder... "te deixo em casa!"... Não precisa, vou ao mercado. "Te deixo lá, é caminho". Ai, como Deus é bom - pensa. Se despede. Deseja tudo de bom. Mercado. Vai ver quanto tem de crédito ainda. Opa, tá ótimo. Vamos ver: fralda, fralda, fralda, fralda, leite em pó, leite em pó. BiscoitoSSS. Para Nanda e Duda, para Filipe, para ela. Claro, ela também gosta. Farinha láctea. Danone. Café. Pão. Queijo branco. Produtos de limpeza. Dá uma olhada na hora, liga pro filho: tá tudo bem? Tô quase acabando aqui. As meninas chegaram? Agüenta que já tô indo!!! Cabeça não para de doer. Ainda tem coisa a comprar. Arroz. Feijão não precisa, tem. Pipoca! Açúcar, não. Sal tem. Opa, Qually! Leva fruta? Melhor comprar na feira. Quase fazendo uma nova compra de mês, lembra que é só coisas pro final de semana prolongado. Checa a lista. Vê que comprou coisas que não precisavam. Normal. Vai pro caixa. Manda mensagem pro filho: "já estou no caixa. Está tudo bem?" Recebe um "aham". Fila, fila. Sua vez. Passa tudo de limpeza antes. Arruma. Aquela velha guerra entre a caixa do mercado e a pessoa que passa e guarda as compras. Tudo que é de armário. Pão. Tudo que é de geladeira. Paga. Meras 7 sacolas e R$215 ficam ali. "Tudo muito caro", pensa.

Passa no caixa eletrônico, faz as contas, saca $. Táxi! Tão cansada... E a enxaqueca resolve não ir embora. Chega à sua casa. Paga o táxi, chama o filho, que a ajuda a colocar as bolsas pra dentro. Quando entra, um coro de "mamama" a recepciona. Falam, falam, falam coisas que ela não entende, mas abraça as filhas mesmo assim. Só dá pra lavar a mão. Senta no tapete e brinca com elas, as compras que esperem lá na cozinha serem guardadas. O filho também quer atenção. Pede "bejico". Muitas informações ao mesmo tempo: como foi o dia do filho, o jogo do amigo que é legal, a média da escola. Entre uma informação e outra, uma criança pula no seu colo, puxa seu cabelo: quer ser "ouvida" também. Maldita enxaqueca que não passa. Tenta ficar calma. Ninguém tem culpa. Nanda brinca, se joga, ri. Puxa seu cabelo de novo. Correm de um lado para o outro. Mexem na árvore de Natal. "Mamãe já disse que não pode, ai ai ai!". Se entreolham. "Melhor mexer em outra coisa", pensam. Começa a Peppa. Graças a Deus! Nesse momento de "paz", corre pra arrumar as compras. Guarda tudo. Dá um biscoito pras crianças (que inclui o filho, claro). Arruma a cozinha. Bebe água. Mais dois comprimidos, pra ver se ajuda a passar a dor. "Que cheiro é esse", pergunta. Alguém lá na sala faz "fuuuum", abanando a mãozinha. Tradução: alguém fez o "número 2". Bem, melhor dar um banho logo, está tão calor... Sobe. Tira (finalmente) a sua roupa, põe uma de casa (tomará banho depois, não se preocupem!), escolhe a das meninas, pega toalha. Desce, "escolhe" a Duda pra ser a primeira. Dá uma limpada antes. Entra no box. Dá banho na filha e toma um de tabela. Sabonete, xampu, condicionador. "Cabô", avisa para a filha, enquanto desliga o chuveiro. A inocente bate palma e diz: "êêê"... Seca, arruma, penteia, desce com a bebê e a entrega ao irmão. Percebe, olfativamente, que a outra filha também está "premiada". Sobe, arruma tudo pro segundo banho. Desce, pega a Nanda. Sobe. Entra no box. Sabonete, xampu e condicionador. "Cabô". Mais um "êêê". Seca, arruma e... Ops, criança  mais rápida do que a mãe foge pela cama. Toma uns dois "olés", mas consegue segurar a "fugitiva". Termina de arrumar, penteia, desce, entrega a criança pro filho, que a coloca na cadeirinha. Sobe de novo pra arrumar a bagunça: pendura toalha, recolhe as fraldas, arruma o banheiro. Coloca roupa no cesto, dá um jeito no seu quarto, olha em volta e pensa: "arrumo isso aqui amanhã". Desce pra fazer a mamadeira da noite. Já são quase 21h30! Leite, farinha láctea, 3 colheres de café de Nescau pra ficar "diferente" (não está nem aí pro que os outros vão pensar ao lerem isso). Bate no liqüidificador. Coloca nas mamadeiras e leva pras crianças. Vigia as crias enquanto mamam. Na TV, passa "meu amigãozão", ela já sabe cantar a música toda! As crianças terminam, batem palma porque mamaram tudo. "Muito bem", ela diz às filhas. O filho? Está jogando no celular (e a novidade?).

Por um descuido das filhas, ela se senta no sofá. Dura pouco. Duda quer colo, e a mãe dá. Mas Nanda também quer, e a mãe só tem um pra oferecer. Ela dá um jeito, fica com as duas nos braços (por alguns segundos hahaha), mas é só pra 01 não ficar chateada. Coloca as duas no sofá e deita. Uma inventa de brincar de pula-pula na barriga. O jeito é contrair o abdômen: "de repente, até diminui", ela pensa. Hahahaha.... 

As meninas dão sinal de que vão dormir: já são 22h15. Ela sobe, arruma os berços, liga o ventilador. Leva uma, que nem chora ao ser deixada lá. Desce e pega a outra. Nanda resmunga, mas é bem pouco. A mãe fica perto da porta, só pra ouvir se ficaram bem. Silêncio. "Gente, será que já dormiram?!?" Duda apagou. Nanda reluta, agarrada à sua naninha. A mãe clama aos céus pra que ela durma logo (julgue quem quiser!). Após 10 min, nenhum sinal de som no quarto, e a mãe contempla o milagre: ambas dormem. Ela olha as crias, dá um sorriso e desce.

Entre tantas coisas a fazer, ela não sabe o que fazer. Enxaqueca nojenta que não vai embora. Ela toma um danone, come um biscoito, pega o controle remoto e tenta ver alguma coisa na TV. "Nada que preste", pensa. Resolve subir. Separa uma roupa e vai pro banho. Demooooooora debaixo d'água (desculpem a pobre coitada, ecologicamente corretos!). Água no rosto, nas costas. No rosto de novo. Pensa em lavar o cabelo, acha melhor não, por conta do horário. Fecha a torneira. Se enxuga. Roupa de dormir ok. Pega a bolsa das meninas e pensa o que vai colocar. Mas aí ela lembra que amanhã é feriado. Ri do esquecimento. Desce, checa se está tudo fechado. Vai lá no terraço e estende a roupa que colocou pra bater de manhã. Coloca mais uma leva. "Amanhã, eu estendo", diz. Faz carinho no cachorro, pergunta se ele está bem. E, claro, ele responde balançando o rabo. Ela entende que sim, dá um beijo na testa dele e desce. 

Passa no banheiro, escova os dentes, lava a mão. Se olha no espelho por alguns minutos. Acha que acha uma nova linha de expressão no rosto. Faz umas caretas. É, é uma marca nova. Fazer o quê? Passa o creme anti-idade no rosto, estica e puxa, pensando em como seria se fosse assim-ou-assado. Está muito cansada pra pensar nisso. Um silêncio enorme. Ela passa em revista no quarto dos filhos novamente. Filipe já está maior que a cama. Precisa comprar uma nova pra ele. "Comprar", pensa. O verbo que ela mais conjuga rs Passa no quarto das meninas. Tudo em paz, dormem como pedras (pedras dormem?!?). 

Ela segue pro seu quarto. A cama ainda está bagunçada da noite anterior, mas quem vai saber disso, né? Ela sacode o lençol, ajeita os travesseiros. Vai até a janela, olha lá pra fora: tudo em paz no condomínio em que mora. Olha pro céu, agradece por mais um dia, pelo trabalho, por ter saúde, pelos filhos, pela família, pelos amigos. Entrega a noite de sono nas mãos dAquele que tudo pode. Lembra de pedir pra ser uma pessoa melhor. Ela quer perdoar quem precisa, não porque a pessoa mereça, mas porque ela precisa de (mais) paz. Abre os olhos, diz "amém". Vai pra cama, liga o ventilador e olha as horas: "caramba, meia-noite!" Calcula quantas horas de sono vai ter e torce pra que nada "diferente" aconteça na madrugada. Se ajeita na cama, termina de digitar o texto, pensa em ler tuuuudo de novo, mas desiste. 

"Tomara que alguém goste e se identifique com sua rotina louca". Ela também espera que Boás, aquele que está por vir, não se assuste e queira ainda mais vir fazer parte dessa loucura toda. 

Amém!

Marcadores: , , , , , , , , , , , , , , ,