NaPaula, Nanda e Duda e o nunca é em vão...
As meninas estão com 2 anos e 6
meses. São lindas, um charme e bem agitadas. Mas, de uns tempos pra cá, algo me
incomodava: elas não ‘falavam’ ainda. Quer dizer, falam, mas aquela língua de
bebê bem embolada. Consigo entender o que “dizem” por intuição materna, muitas
vezes; claro que ‘falam’ algumas palavrinhas, como mamãe, água, pooca (pipoca),
Piipe (Filipe, o irmão), Ico (Rico, o nosso cachorro), entre outras. Mas não
fazem frases infantis. Para piorar, sempre ouvia: “nossa, elas ainda não falam?
Fulaninho, com menos idade que elas, já fala pelos cotovelos”. Odeio
comparações, mas até eu já me vi fazendo contas, tentando lembrar quando meu
mais velho começou a falar.
A escola delas também me
sinalizou esse “atraso”. Fiquei ainda mais arrasada. Impossível não colocar na
bolsa de culpas materna mais alguns itens: “Será que isso tem a ver com a
depressão na gravidez? Será que fiz alguma coisa pra que elas não falassem? O
que será que EU fiz...
Enfim...
Passei a falar ainda mais com
elas, não as deixo mais tanto tempo vendo desenho, procuro ser mais didática,
tentando associar o que elas gostam com cores e palavras (“olha, filha, o céu é
AZUL”). – Atenção: se tiver algum profissional na área lendo esse texto, não
ria. Aqui é uma mãe tentando ser professora do maternal rs
Bem... Ontem, foi dia de pediatra.
Consulta de rotina, graças a Deus. Após aquela bateria de perguntas e
respostas, mostro à médica o relatório da escola e peço uma orientação quanto à
indicação a uma ‘fono’ ou até mesmo a um psicólogo. Ela lê atenta, ri de
algumas observações e pede que eu me tranquilize, que ‘observemos’.
Volto pra casa, rotina de sempre.
Mesmo cansada, sento no chão com elas, leio revistinhas, canto, bato palmas,
mostro figuras coloridas na tentativa de que elas “decorem” as cores. Em vão.
Mostro um objeto vermelho, e Nanda, sorridente, diz: “alalelo”. Mostro um azul
e ela diz: “memeio”. Rio junto, não sei se de mim, no papel de pseudo-pedagoga,
ou se dela, com aquela cara linda e um sorriso cheio de dentinhos...
Vamos dormir. Dessa vez, na minha
cama, pela primeira vez depois de “grandes”. Estavam enjoadas no berço e eu já
cansada de tantas idas e vindas ao quarto delas. Apagaram, que maravilha. Eu
nem tanto, mas deu pra descansar.
De manhã, no meio daquela
correria toda de arrumar as duas para a escola, eis que Nanda se aproxima da
cabeceira. Fico com um olho em Duda e outro na bonita lá, que está mexendo nas
coisas. Ela pega um dos meus porta-retratos coloridos e me chama: “mamãaae”. Eu
respondo: “oi, filha”. E ela me mostra o porta-retrato: “oxo”. Dou um sorrisão,
digo que ela está de parabéns, que a cor é roxo mesmo, que lindo! Ela ri e o coloca
no lugar. Duda quase pronta, e ela me chama novamente, mostrando outro
porta-retrato: “alalelo”. Morro de orgulho, vou lá e dou um agarrão nela, falo “muito
bem, isso mesmo, amarelo!”.
Desço com ambas, que seguem pra
creche. E o rostinho de Nanda falando as cores não saem da minha mente, e penso:
“não é em vão”. Não é em vão quando chego tarde e ainda dou o meu (pouco) tempo
a elas, ali, sentada no chão, seja brincando de contar histórias, seja tentando
algo mais ‘pedagógico’. Não é em vão decorar todas as músicas do Show da Luna e
saber cantar com elas. Não é em vão dançar “Tchutchuê” na sala e ver a cara de
interrogação do vizinho da frente diante de minhas tentativas de acertar a
coreografia. Não importa se pego trânsito, se vou amassada no transporte
público, se ainda vou ao mercado depois do expediente, mesmo morta de cansada. Não
importa. Importa é saber que cada sementinha que eu planto, regada com paciência
e amor, surte efeito no tempo devido.
Por isso, repita sempre: não é em
vão! Não é em vão toda sua dedicação no trabalho. Não importa que seu chefe não
tenha visto. Não importa que você não ganhe mais por isso nesse momento. Na
hora certa, a recompensa vem. Também não é em vão seus anos de dedicação aos
estudos. Não importa ter perdido algumas saídas bacanas. Na hora “daquela vaga”,
isso será o seu diferencial. Não importa se dedicar tanto à sua família, à sua
casa. Quando longe, é para os seus braços que eles querem voltar, é para esse
pedaço de paz que eles querem ir...
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